Por Gisele Batista – Por Gisele Victor Batista, Coordenadora de Mobilização do Movimento ODS SC
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O movimento anti-DEI que vem se fortalecendo nos Estados Unidos já impactou gigantes como Amazon, Meta, Disney, Ford, Goldman Sachs, Google, McDonald’s e Walmart, que reduziram ou eliminaram suas iniciativas voltadas à diversidade. Entretanto, essa lógica ignora os benefícios concretos da diversidade nos negócios.
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Nos últimos anos, a pauta da diversidade e inclusão ganhou destaque no cenário corporativo global, sendo vista não apenas como uma questão de equidade, mas como um diferencial estratégico para inovação e competitividade. No entanto, uma onda preocupante de desmonte de políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI) que se espalha nos Estados Unidos começa a ecoar no Brasil, levantando alertas sobre o futuro da representatividade nas empresas.
Mas será que esse retrocesso faz sentido? A resposta é clara: não.
O ODS 5 (Igualdade de Gênero) e o ODS 18 (Igualdade Étnico-Racial) reforçam a urgência de medidas que garantam a equidade de oportunidades e a eliminação de barreiras estruturais que historicamente marginalizam determinados grupos. Contudo, muitas empresas, sob influência de incertezas econômicas e da pressão de acionistas contrários às iniciativas de DEI, estão revendo seus investimentos em inclusão.
As empresas têm um papel fundamental nessa transformação. Garantir equidade de gênero e diversidade em seus quadros não é apenas uma questão ética ou de justiça social, mas uma estratégia essencial para inovação e competitividade.
O PERIGO DO RETROCESSO NAS POLÍTICAS DE DIVERSIDADE
O movimento anti-DEI que vem se fortalecendo nos Estados Unidos já impactou gigantes como Amazon, Meta, Disney, Ford, Goldman Sachs, Google, McDonald’s e Walmart, que reduziram ou eliminaram suas iniciativas voltadas à diversidade. Entretanto, essa lógica ignora os benefícios concretos da diversidade nos negócios.
Empresas com equipes diversas apresentam maior inovação, melhor desempenho financeiro e ambientes de trabalho mais produtivos e criativos. Além disso, consumidores e investidores estão cada vez mais atentos às práticas socioambientais e exigem compromissos reais com inclusão e equidade.
O recuo de algumas grandes corporações nas iniciativas de diversidade pode desencadear uma série de consequências negativas para os negócios e para a sociedade. Entre os principais riscos, destacam-se:
– Desigualdade estrutural: Oportunidades continuam sendo negadas para mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, reforçando ciclos de exclusão social e profissional.
– Menor inovação e criatividade: Pesquisas mostram que equipes diversas são mais criativas e eficazes na resolução de problemas. Empresas que abandonam essas políticas podem perder vantagem competitiva.
– Desalinhamento com a sociedade: As organizações fazem parte de um ecossistema e refletem os valores da sociedade na qual estão inseridas. O retrocesso na agenda de diversidade pode gerar impacto na reputação da empresa e afastar talentos e consumidores.
– Redução de segurança psicológica no ambiente corporativo: Profissionais que não se sentem representados ou respeitados tendem a ser menos produtivos e engajados.
O BRASIL E OS MECANISMOS DE PROTEÇÃO CONTRA O RETROCESSO
Apesar do cenário global preocupante, o Brasil estabeleceu alguns instrumentos legais, ao longo dos anos, que tendem a garantir a pauta da diversidade, tais como:
– Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (1991): Empresas com 100 ou mais funcionários devem reservar de 2% a 5% das vagas para pessoas com deficiência.
– Ações Afirmativas no Ensino e no Serviço Público (2012): O Supremo Tribunal Federal (STF) validou as políticas de cotas raciais para acesso ao ensino superior e para concursos públicos.
– Lei da Igualdade Salarial (2023): Obriga as empresas a garantirem transparência na remuneração de homens e mulheres que exercem a mesma função.
Essas medidas, embora importantes, não são suficientes por si só. É essencial que as organizações, de todos os setores, assumam um papel ativo na construção de ambientes diversos e inclusivos, fazendo-se presente e atuante nas pautas da sociedade.
CONSTRUINDO ORGANIZAÇÕES MAIS INCLUSIVAS
Promover diversidade e inclusão nas empresas não é apenas uma questão de cumprir normas, mas de construir ambientes mais justos, representativos e produtivos. Isso porque a diversidade não se resume apenas à contratação de grupos sub-representados, mas envolve reconhecer e superar vieses inconscientes que influenciam decisões e relações dentro das organizações. Para isso, é preciso compreender três estágios fundamentais no desenvolvimento da cultura organizacional mais humanizada:
Exclusão – O “diferente” não é aceito e é deixado à margem das oportunidades.
Integração – O “diferente” é acolhido, mas ainda precisa se moldar a padrões estabelecidos.
Inclusão – Todos são valorizados pelo que são, e há um verdadeiro sentimento de pertencimento.
A solução passa pela implementação de políticas organizacionais que promovam segurança psicológica e equidade, garantindo que todos tenham acesso justo ao desenvolvimento e à progressão na carreira.
O FUTURO DA DIVERSIDADE DEPENDE DE NÓS
O Brasil tem avançado, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Empresas que realmente se preocupam com diversidade devem resistir ao retrocesso e continuar investindo em inclusão. A diversidade não pode ser uma tendência passageira. Ela é o reflexo da sociedade e um pilar para negócios mais fortes, inovadores e sustentáveis.
Precisamos avançar na sustentabilidade, sem deixar a diversidade para trás!
Quer saber mais sobre iniciativas de sustentabilidade? Acesse: @giselevictorbatista
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Fontes de pesquisa:
Carreira ESG: o que a diversidade diz sobre você mesmo? Leia mais aqui.
Desmonte de políticas de diversidade chega ao Brasil – de forma silenciosa – Leia mais aqui.