Alessandra Cavalheiro – Jornalista
Energia é o que move todas as coisas, é a presença da própria vida. Em busca do movimento, as pessoas e o mundo se desenvolvem. São obviedades, mas é preciso entender o grande paradoxo do nosso tempo: buscando a energia para o desenvolvimento, estamos destruindo a vida. Mas, como assim, cara pálida? Esta semana, a Agência Internacional de Energia (IEA) divulgou que o carvão, combustível fóssil mais poluente do planeta, responsável por 45% da poluição, alcança um novo recorde global de consumo: 1,4% maior que o registrado em 2022.
Carros, indústrias, casas, e toda estrutura em que se organiza a sociedade contemporânea demandam uma quantidade colossal de energia. Para atender a essa demanda, são utilizados os tão falados combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural, que representam 75% da demanda energética mundial. Sim, os principais cientistas têm repetido sem parar: a maior causa do aquecimento global é a utilização desses três recursos naturais como combustíveis.
Explica a engenheira química Jennifer Rocha Vargas Fogaça: “A combustão ou queima de todos os combustíveis fósseis gera gases poluentes, tais como o dióxido de carbono (CO2), que é considerado por muitos como o principal causador do aquecimento global; o monóxido de carbono (CO), que é tóxico e venenoso; material particulado, como a fuligem (C), e outros gases oriundos da presença de impurezas, como os óxidos de enxofre e de nitrogênio que causam chuvas ácidas.”
Um dado difícil de engolir
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o carvão é o combustível fóssil que causa o maior índice de poluição: 45%, seguido do petróleo, 32% e o gás natural, 22%. Mal terminou a COP 28 em Dubai, e a IEA divulga este dado que, sinceramente, é difícil de engolir. O novo recorde global de consumo de carvão, 1,4% maior que o registrado em 2022.
“O que será, que será, que todos os avisos não vão evitar?”, canta Chico Buarque. Pois bem. Com todos os avisos, o consumo dos combustíveis fósseis aumenta, são décadas de avisos da ciência, de gente que passa a vida toda estudando o tema. O que será que vai acontecer? Bem, se você se sente incomodado com os chamados ‘ecochatos’, espere o momento em que eles não vão mais avisar nada. E por quê? Porque será tarde demais, estará feito o ecocídio. Aí, pode ficar tranquilo, porque talvez você nem exista mais, mesmo.
Então, diz a IEA que a demanda do carvão – o mais sujo dos combustíveis fósseis deve fechar este ano em 8,54 bilhões de toneladas (Gt), para usos energéticos e não-energéticos. “O número é 1,4% maior que o registrado em 2022, de 8,42 Gt, e marca um novo recorde global de consumo de carvão”, noticia o @coalizãoenergialimpa. O relatório “Coal 2023: analysis and forecast to 2026” comprova a urgência de agir imediatamente para o que é chamado de phase-out dos hidrocarbonetos no mundo. O que será que será?
A agência observa que a queda significativa na demanda do carvão ocorre na União Europeia, Estados Unidos, Japão e Austrália. Porém, China, Índia, Indonésia, Vietnã e Filipinas – que em conjunto representam mais de 70% da demanda mundial de carvão – arriscam compensar as diminuições em nível global.
Mão na massa com energias renováveis
Ocorre que os combustíveis fósseis, como não são renováveis, um dia vão terminar no planeta. Por isso, tanto se fala em fontes de energias renováveis, a nossa saída para a preservação da vida. Muito tem sido feito nesta direção, mas segue a urgência de mudar o rumo energético.
Mais do que nunca, portanto, é tempo de buscar as fontes renováveis: hídrica (energia da água dos rios), solar (energia do sol), eólica (energia do vento), biomassa (energia de matéria orgânica), geotérmica (energia do interior da Terra), oceânica (energia das marés e das ondas) e o calor do interior da Terra (energia geotérmica).
As pesquisas avançam e, com elas, infinitas formas de utilização de energias renováveis. Então, o que estamos esperando para colocar a mão na massa? Em tempo: conhecimento é vida. Vamos aprender a renovar as formas de viver.