Por Luciana Kamimura, Coordenadora de Projetos e Parcerias Institucionais da Fundação Toyota do Brasil
Sem água, a vida como conhecemos hoje não seria possível. Além da nossa sobrevivência, utilizamos esse recurso em atividades fundamentais como o equilíbrio ambiental, a cadeia produtiva e a geração de energia. Apesar da abundância – o Brasil possui, em seu território, a maior reserva hidrológica do planeta – cerca de 12%, sem uma gestão sustentável, o acesso da população pode ficar comprometido em um futuro próximo.
No entanto, para os habitantes da região Nordeste, que sofrem com longos períodos de seca e escassez hídrica, o futuro já está em curso. Enquanto isso, os que vivem na região Norte recebem, anualmente, cerca de 2.000 mm de água das chuvas devido aos altos índices de precipitação. Essa disparidade geográfica exige uma gestão inteligente e equitativa dos recursos hídricos, em um país com cerca de 35 milhões de pessoas sem acesso adequado à água potável, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).
Além da disponibilidade, a qualidade da água que chega até a população é um ponto que demanda atenção e, nesse sentido, a conservação das nascentes e rios é um fator crucial. Estima-se que o Brasil possui aproximadamente 1,6 milhão de nascentes, mas muitas estão ameaçadas pelo desmatamento, contaminação por agrotóxicos e ocupação desordenada das áreas ao seu redor.
Somam-se a isso, ainda, o despejo de esgoto direto nos corpos d’água, fruto da falta de investimentos em saneamento básico, e a ausência de políticas públicas eficazes que ajudem a amenizar a situação.
Por isso, ações do Poder Público, da iniciativa privada e do Terceiro Setor são tão necessárias. Monitorar a qualidade das águas dos rios, por exemplo, é parte fundamental na garantia de água limpa nas torneiras da população e no meio ambiente como um todo. O projeto Águas da Mantiqueira, patrocinado pela Fundação Toyota do Brasil em parceria com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (FUNDEPAG), realiza um trabalho exemplar nessa questão. Desde 2017, pesquisadores realizam um diagnóstico para verificar a qualidade dos rios remanescentes da Mata Atlântica, de forma a garantir o abastecimento das comunidades e milhões de pessoas que dependem do recurso, além de impactar positivamente a conservação da biodiversidade local.
Em paralelo, podemos, individualmente, contribuir para a manutenção dos recursos hídricos por meio de medidas simples, como a redução do desperdício, a valorização da água como um bem precioso e a participação em ações de conservação. Empresas, por sua vez, também devem realizar ações para minimizar o impacto de sua cadeia produtiva no meio ambiente.
Somente por meio de uma abordagem colaborativa e comprometida de todos os setores da sociedade é que poderemos garantir a disponibilidade de água de qualidade para as gerações presentes e futuras, assegurando um futuro sustentável para o nosso planeta. Temos um bem precioso em nosso território e precisamos assumir o protagonismo de defendê-lo e conservá-lo a todo custo. A vida depende disso.