Essencial para o abastecimento de água em todo país, a preservação da segunda maior floresta tropical do Brasil é imprescindível para a universalização do saneamento
Neste dia 27 de maio é celebrado o Dia da Mata Atlântica, bioma que abrange 15% do território nacional, lar de 72% da população brasileira que reside em seus domínios e onde se concentra cerca de 80% do PIB nacional, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. A data foi instituída com objetivo de conscientizar e ressaltar a importância da proteção de uma das florestas mais ricas em diversidade do mundo inteiro, que tem no acesso pleno ao saneamento básico um aliado para sua conservação.
Em um país que mais de 33 milhões de brasileiros vivem sem acesso à água potável, preservar esse bioma é um dos caminhos para atender os habitantes que vivem sem o recurso. Segundo o Atlas da Mata Atlântica, entre 2020 e 2021, a Mata perdeu 20.075 hectares e um dos resultados do desmatamento sofrido foi o lançamento de 9,6 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente na atmosfera. Como se sabe, é a preservação dos biomas que ameniza o calor nas cidades, o risco de secas e é também o que garante o regime hídrico tão importante para a agricultura e para o abastecimento da população.
Não obstante, quase 100 milhões de brasileiros não têm atendimento de coleta de esgoto e apenas 51,2% dos esgotos gerados são tratados. Isto significa que 5,5 mil piscinas de esgoto sem tratamento são despejadas de maneira irregular na natureza diariamente, o que também colabora para o desequilíbrio do bioma e para a precariedade dos corpos hídricos.
Esta data é, portanto, um alerta para que a preservação da Mata Atlântica circule cada vez mais em discussões e debates pelo país e um convite ao fortalecimento das leis que protegem este bioma. São mais de 17 estados que abrigam a Mata Atlântica, ou seja, para garantir a universalização dos serviços básicos até 2033, isto é, atender 99% da população com água potável e 90% dos habitantes com atendimento à coleta e tratamento dos esgotos, os cuidados com a segunda maior floresta tropical do país deverão ser perseguidos.
“A precariedade do saneamento no país, somada ao desmatamento da Mata Atlântica, colaboram para que o país fique cada vez mais distante da universalização do acesso à água potável, uma das metas previstas pelo Marco Legal do Saneamento. A conscientização sobre o tema deve estar presente nos debates que permeiam o setor, como também o país deve voltar esforços para a proteção desse bioma tão essencial” – aponta Luana Pretto, Presidente Executiva do Trata Brasil.