Jovens da região amazônica lutam por direitos e representatividade da população local

Carine Bergmann 29 de setembro de 2022
 Jovens da região amazônica lutam por direitos e representatividade da população local

Apesar das notícias negativas e recordes de desmatamento, queimadas e violência
contra os povos tradicionais, um sopro de esperança tem vindo da região
amazônica. Atualmente, apesar de todas as dificuldades encontradas, dez grupos
de jovens têm insistido em trabalhar junto à população de suas localidades,
combatendo e chamando a atenção do poder público para problemas que se
repetem há anos sem qualquer tipo de solução.


Esses jovens são do Maranhão, Tocantins, Pará e Amazonas e foram recentemente
selecionados pelo programa IARA – Inovação e Aceleração na Região Amazônica,
desenvolvido pela agência Purpose, para que pudessem levar sua luta adiante
durante o período eleitoral. O IARA foi criado para fortalecer coletivos e
organizações ativistas locais, permitindo que tirem seus projetos do papel e
mobilizem suas comunidades a conquistar as mudanças necessárias para um
desenvolvimento mais sustentável.

O objetivo do trabalho neste momento é chamar a atenção para a relação entre o
voto e a solução dos problemas da região, como enchentes frequentes quando o rio
sobe, falta de representatividade política de jovens das periferias, infraestrutura
deficitária para a educação e falta de energia elétrica na região, que sofre com
apagões frequentes.


“Colocamos nossas experiências e estruturas à disposição dos grupos para apoiá-los na
construção de soluções inovadoras para os desafios que suas comunidades enfrentam”,
explica Ana Clara Toledo, da Purpose. A região amazônica foi eleita como a primeira a
receber esse programa de aceleração do laboratório de clima da Purpose por exercer
um papel central em relação aos desafios que teremos diante da emergência climática e
seus desdobramentos econômicos e sociais.


“Apesar da importância da Amazônia para o planeta, debates e estratégias em busca de
soluções para o bioma não incluem vozes locais e, portanto, não condizem com a
realidade e os desafios que a região e seus cidadãos enfrentam”, explica Ana.

“O programa foi criado justamente para potencializar os grupos que já atuam localmente,
promovendo mudanças que impactem positivamente a população”, ressalta.
Conheça as propostas dos coletivos Amazonas – nessa região, a luta é para dar um basta

às casas alagadas pelas enchentes que acontecem todos os anos. Por isso, o Instituto Capuaã criou a campanha
“O Amazonas tá cheio”. Além desse projeto, outra reivindicação, desta vez do Coletivo
Ponta de Lança, é dar voz às populações das comunidades e territórios periféricos,
especialmente grupos indígenas, negros e afro-religiosos de Manaus.

Amapá – Erosão e abandono foram os responsáveis pelo desmoronamento da Escola
do Bosque, a única em um modelo sustentável na comunidade de Bailique, em Macapá.
O coletivo Gira Mundo focou na reconstrução da escola, que atende 80% dos alunos de
mais de 50 comunidades. O coletivo Utopia Negra Amapaense decidiu intensificar
esforços para levar adiante o projeto “Acende a luz, Amapá”, para resolver os problemas
constantes de falta de energia elétrica.


Pará – No caso dos jovens que atuam na região, a reivindicação é universalizar o acesso
à informação de qualidade sobre política e meio ambiente. O coletivo Gueto Hub criou a
campanha “Mó Climão” para formar uma rede de jovens ativistas pelo clima e meio
ambiente na região. Já a Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Santarém
(AMTR) criou a campanha “Di Rocha: Tapajós sem Potoca!”. Potoca, na gíria local, é
mentira. O objetivo do grupo de mulheres é combater as fake news que se espalham
pela região, especialmente durante o período eleitoral.


Maranhão e Tocantins – nessas localidades, a campanha “Vote pelo MA.TO.”, criada
pelo Coletivo Desenvolvimento e Juventude (Cdjuv), quer dar voz aos jovens periféricos
na política pública e estimular a população a eleger candidatos comprometidos com os
direitos humanos, a Amazônia e as mudanças climáticas.

Texto: Izabela Sanchez