No dia 16 de março é comemorado o Dia Nacional da Conscientização das Mudanças Climáticas, com objetivo de conscientizar a população dos impactos e do agravamento das alterações que estão acontecendo no clima e meio ambiente. Nesse cenário, o geólogo e Prof. Me. Rodrigo Artur Perino Salvetti, de Ciências Biológicas do CEUNSP, lembra que as mudanças climáticas já estão ocorrendo e impactarão a vida da população atual e das próximas gerações.
“O clima é um equilíbrio dos fenômenos que ocorrem na atmosfera da Terra, e qualquer alteração nas características da atmosfera que impactem esse equilíbrio a curto ou longo prazo propicia a ocorrência de acontecimentos meteorológicos diferentes do padrão habitual esperado, resultando em secas intensas, chuvas fora dos padrões históricos, ondas de calor ou frio fora de época, intensificação das rajadas de vento e formação mais frequente de tornados e furacões, inclusive em locais onde isso não é comum”, explica.
“Eventos extremos sempre ocorreram na história climática da Terra, mas quando o equilíbrio atmosférico se desfaz, esses eventos se tornam mais frequentes e intensos”, acrescenta.
Um dos fatores que vem contribuindo com os impactos climáticos é a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento intensivo em todo o mundo.
Por isso a quantidade de gases estufa presentes na atmosfera, e que a mantém aquecida, aumenta progressivamente.
Daí isso altera a quantidade de calor que a atmosfera absorve e a torna mais quente. “Esse aumento na temperatura média da atmosfera se propaga para os oceanos, afetando toda a circulação atmosférica e marinha, e contribui para a alteração nos eventos meteorológicos em todo o mundo”.
Segundo Rodrigo, é difícil impedir eventos extremos como as chuvas intensas e repentinas vistas em Minas Gerais, na Bahia ou em Petrópolis (RJ).
Mas medidas para minimizar os problemas advindos deles podem ser feitos e são de responsabilidade do poder público.
Entre elas estariam a criação de obras de melhoria para drenagem mais eficiente das águas pluviais, impedir a ocupação de áreas de várzea, de proteção ambiental e de topo de morro, fiscalizar e recuperar áreas de mata ciliar, além de instruir e conscientizando a população a não ocupar áreas de maneira irregular, lançar lixo nos corpos d’água ou desmatar de maneira inconsequente as áreas de proteção.
Pensando em formas de melhorar o cenário ambiental, o professor elencou cinco dicas que as sociedades e os governos podem adotar. Confira:
1 – Reduzir a emissão de combustíveis fósseis, encontrando alternativas menos poluentes de gerar e armazenar energia;
2 – Reduzir o desmatamento de florestas e a poluição dos oceanos. Esses biomas possuem uma capacidade muito grande de remover da atmosfera grandes quantidades de gás carbônico, um dos principais gases estufas presentes na atmosfera;
3 – Criar programas de conscientização ambiental para toda a comunidade, a fim de alertar e orientar as pessoas a não ocuparem áreas de risco de alagamento e deslizamento. As pessoas que vivem em áreas de “risco ambiental” precisam estar cientes do que fazer em casos de emergência ou risco iminente;
4 – Preservar as áreas de proteção ambiental e Áreas de Preservação Permanente (APP), que possuem função de proteção ambiental de córregos e encostas, reduzindo a possibilidade de erosão e escoamento rápido da água superficial;
5 – Executar obras de recuperação de áreas ambientalmente afetadas e incentivar o uso de técnicas de construção adequadas e preparadas para condições de clima extremo.
Rodrigo ainda reforça: deve-se haver atitudes imediatas em prol do meio ambiente. “Chegamos a um ponto em que as mudanças climáticas são inevitáveis.
Enquanto sociedade, nossa obrigação agora é minimizar as consequências dessas modificações, tomando ações que permitam a manutenção de um ecossistema mais equilibrado.
Economizar água, não lançar lixo nos rios e córregos, reduzir o consumo de recursos naturais e a queima de combustíveis fósseis são o primeiro passo para restaurar um pouco do equilíbrio climático perdido ao longo das últimas décadas.
E isso tudo não é somente obrigação dos governos, mas sim de toda a população”, finaliza.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Confira o objetivo 13, que trata sobre Ação Contra a Mudança do Clima.
13. Ação Contra a Mudança Global do Clima
Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos
Meta 13.1
Indicadores
13.1.1 – Número de mortes, pessoas desaparecidas e pessoas diretamente afetadas atribuído a desastres por 100 mil habitantes.
13.1.2 – Número de países que adotam e implementam estratégias nacionais de redução de risco de desastres em linha com o Quadro de Sendai para a Redução de Risco de Desastres 2015-2030.
13.1.3 – Proporção de governos locais que adotam e implementam estratégias locais de redução de risco de desastres em linha com as estratégias nacionais de redução de risco de desastres.
Meta 13.2
Indicadores
13.2.1 – Número de países que comunicaram o estabelecimento ou a operacionalização de uma política/estratégia/plano integrado que aumente a sua capacidade de adaptação aos impactos adversos das mudanças climáticas e promova a resiliência climática e o desenvolvimento de emissões de gases de efeito estufa baixas de maneira que não ameacem a produção alimentar (incluindo um plano nacional de adaptação, uma contribuição determinada a nível nacional, uma comunicação nacional, um relatório de atualização bienal ou outro).
Meta 13.3
Indicadores
13.3.1 – Número de países que integraram medidas de mitigação, adaptação, redução de impacto e alerta precoce nos currículos de ensino fundamental, médio e superior.
13.3.2 – Número de países que comunicaram o fortalecimento da capacitação institucional, sistêmica e individual para implementar ações de adaptação, mitigação e transferência de tecnologia e desenvolvimento.
Meta 13.a
Nações Unidas
Implementar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima [UNFCCC] para a meta de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, de todas as fontes, para atender às necessidades dos países em desenvolvimento, no contexto das ações de mitigação significativas e transparência na implementação; e operacionalizar plenamente o Fundo Verde para o Clima por meio de sua capitalização o mais cedo possível.
Brasil
Meta não aplicável ao Brasil. +
Indicadores
13.a.1 – Montante mobilizado de dólares dos Estados Unidos por ano, entre 2020 e 2025, para o compromisso de $100 bilhões.
Meta 13.b
Indicadores
13.b.1 – Número de países menos desenvolvidos e pequenos Estados insulares em desenvolvimento que recebem apoio especializado, e montante de apoios, incluindo financiamento, tecnologia e capacitação, para mecanismos de aumento de capacidade para planejamento e gestão eficazes das mudanças climáticas, incluindo as mulheres, os jovens e as comunidades locais e marginalizadas.
Fonte: Ipea