Fórum Brasil ODS 2021 reúne 450 pessoas para debater o desenvolvimento sustentável no país

, , Carine Bergmann 9 de novembro de 2021
 Fórum Brasil ODS 2021 reúne 450 pessoas para debater o desenvolvimento sustentável no país

Durante três dias, os participantes puderam acompanhar, de forma presencial e remota, palestras e cases nacionais e internacionais, relacionados ao desenvolvimento sustentável no país e no mundo. O evento contou com participantes diretamente da COP 26, além da entrega do Prêmio ODS SC 2021

Assuntos como Mudanças Climáticas, Segurança Alimentar, Diversidade e Inclusão, além de temas com foco para o setor empresarial, como ESG (Boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa), estiveram em destaque na programação do Fórum Brasil ODS 2021, realizado de 5 a 7 de novembro no Hotel Sesc Cacupé e no formato remoto, ao todo, 450 pessoas participaram do encontro. O evento contou com a participação de agências da ONU como a FAO, a Rede Brasil do Pacto Global e do PNUD. Além disso, dois palestrantes falaram diretamente de Glasgow, onde está ocorrendo a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 26; o cientista Paulo Artaxo, que destacou em sua palestra o potencial que o desmatamento da Amazônia tem para agravar o aquecimento global, e a indígena e ativista ambiental Samela Awiá, que defendeu em sua fala sobre a importância da demarcação das terras indígenas para a proteção da biodiversidade.

Segundo Artaxo, o desmatamento da Amazônia afeta no aquecimento do clima, o que acaba impactando na produção de alimentos, na economia, e na desigualdade social. Além disso, Artaxo alertou que a população mais pobre será a mais impactada pelas mudanças climáticas em curso: “10% dos indivíduos mais ricos emitem 49% dos gases de efeito estufa. Já os 50% mais pobres emitem 10%. E são esses 50% mais pobres que irão sofrer os impactos”.

Regina Rodrigues Rodrigues mostra projeções para o aumento da temperatura global. Caso as emissões de gases de efeito estufa não sejam barradas, o mundo pode aquecer até 4 graus até 2100, em comparação com os níveis pré-industriais.

Já a oceanógrafa Regina Rodrigues Rodrigues, pesquisadora na University of Oxford, destacou em sua apresentação que segundo o relatório IPCC AR6 (Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) que os impactos da mudança climática no Brasil mostram que a temperatura média no país aumentou 1,3° C, enquanto o impacto global aponta 1,1° C. “Isso aumentou os eventos intensos de chuva no país, levando a enchentes e inundações, e também a intensidade e período das secas e ondas de calor. Tudo isso desencadeou efeitos negativos na segurança hídrica e energética, pela escassez da água, como também na produção de alimentos, que aliada as temperaturas extremas influenciou no aumento de pestes e doenças”.

Alcance das metas dos ODS no Brasil

Durante o Fórum, também foi apresentado como está o progresso para o alcance das metas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e suas 169 metas, apresentado pela Dra. Juliana Cesar, integrante do Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável. Segundo dados do Relatório Luz 2021, o Brasil não apresentou progresso satisfatório em nenhuma das 169 metas dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030, estabelecida ONU em 2015. “Das 169 metas, 54,4% estão em retrocesso, 16% estagnadas, 12,4% ameaçadas e 7,7% mostram progresso insuficiente”, comenta Juliana. Os indicadores do Relatório Luz mostram que, mesmo num contexto tão grave de pandemia, áreas como Saúde apresentaram retrocesso: R$ 22,8 bilhões da dotação orçamentária autorizada em 2020 para o SUS ficaram sem uso, recurso que poderia ter aumentado o número de vacinas, kits de intubação, máscaras PFF2, leitos e outros insumos. Além disso, 2020 terminou com mais de metade da população do País (113 milhões de pessoas) em situação de insegurança alimentar mostrando que a pandemia agravou ainda mais a desigualdade social no Brasil. O relatório mostra também que houve cortes na educação (27%) e falta de execução orçamentária, como no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que deixou de aplicar 38,7% dos quase R$ 400 milhões autorizados para 2021.

ESG e diversidade nas empresas

Para Amanda Brito Orleans – CEO do Instituto AB, é preciso promover a cultura da inclusão aos pelo menos 45 milhões de pessoas que têm algum tipo de deficiência no Brasil.

Não deixar ninguém para trás é o lema da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Para isso, o Fórum contou com apresentações destacando a importância do ESG (Boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa), e sobre a importância da diversidade nas empresas. Para Ricardo Voltolini, diretor-Presidente da consultoria think tank Ideia Sustentável, nunca se falou tanto em sustentabilidade, nem com tanta urgência. “Nunca houve tantos fatores de pressão positivos. A pandemia da Covid-19 acelerou a urgência por um novo jeito de pensar e fazer negócios. Assim o termo ESG ganhou tração – Ambiental, social e de governança”, avalia Voltolini. Ele apontou sete desafios do ESG: Estratégia de talentos orientada por questões de diversidade e inclusão; Novo “cuidar”com ênfase a saúde integral (física e mental) dos colaboradores; Respeito aos direitos humanos em toda a cadeia de valor; Impacto social mais estratégico; Mudanças climáticas e descarbonização; Inserir na estratégia e envolver colaboradores e Nova liderança.

Hóttmar Loch, idealizador da Nohs Somos, startup que têm como propósito promover o bem estar da comunidade LGBTQIA+ e auxiliar as organizações a serem mais inclusivas, por meio de consultoria de inclusão e funciona como canal para trazer diversidade nas empresas, explicou como a diversidade nas empresas pode impulsionar a inovação: “Quando a gente não vive as problemáticas a gente não vê as oportunidades”. Já para Amanda Brito Orleans – CEO do Instituto AB, é preciso promover a cultura da inclusão aos pelo menos 45 milhões de pessoas que têm algum tipo de deficiência no Brasil. “Nas organizações precisamos que a diversidade vá além do cumprimento de uma questão legal, que se tenha um olhar para a inclusão como um fator estratégico para inovação.”

Segundo Juliana de Oliveira Campanha, Jornalista, mulher preta, e fundadora da Oliver Press, uma empresa de assessoria de imprensa formada por um time 100% feminino e com foco na diversidade e impacto social, somente pessoas diversas podem fazer a sua marca chegar a diversos públicos. “Olhares diversos ajudam a construir a reputação das empresas”.

Vencedores do Prêmio ODS 2021

O Projeto Pró Babitonga recebeu o Prêmio ODS SC 2021 na categoria Organização de Classe.

Na noite de sexta-feira (5), durante a programação do Fórum Brasil ODS 2021, foram reconhecidos os projetos vencedores da terceira edição do Prêmio ODS SC 2021. A iniciativa busca ampliar o engajamento de pessoas e organizações signatárias do Movimento Nacional ODS SC, que atuam alinhadas com a Agenda Global de Desenvolvimento da ONU, vigente até 2030. Foram 85 projetos avaliados, sendo três finalistas em cada uma das seis categorias:

– Categoria Empresas:

Grupo Nexxees – Projeto Conexxão de Impacto.

O Conexxão de Impacto é um projeto de educação empreendedora gratuita, inclusiva, equitativa e de qualidade que aproxima pessoas que se encontram em vulnerabilidade socioeconômica a oportunidades de qualificação, o que gera novas perspectivas profissionais e de futuro e fomenta o desenvolvimento socioeconômico da comunidade em que o participante se encontra.

– Categoria Instituição de Ensino:

Colégio Marista Criciúma – Projeto Conexão do Bem.

O projeto Conexão do Bem foi uma campanha criada por alunos no 5º e 9º anos para arrecadar equipamentos tecnológicos e conseguir padrinhos para pagar planos de internet a famílias necessitadas.

– Categoria Organização da Sociedade Civil:

Associação Social Good Brasil – Projeto Força-tarefa de Inteligência de Dados sobre o Covid-19 para Santa Catarina.

Por meio de uma metodologia de inteligência de dados, o Social Good Brasil ajudou Santa Catarina a montar uma grande força intersetorial para o enfrentamento da Covid-19, disponibilizando dados para os governos e cidadãos catarinenses.

– Categoria Organização de Classe:

Grupo Pró Babitonga – Projeto Gestão Participativa e Integrada do Ecossistema Babitonga.

O projeto contribui para a gestão participativa e integrada do ecossistema Babitonga com ações que assegurem a proteção da diversidade biológica e cultural, o disciplinamento da ocupação e a sustentabilidade dos usos dos recursos naturais na Baia da Babitonga, no norte de Santa Catarina.

– Categoria Poder Público:

Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Blumenau – Projeto Blumenau Mais Verde.

O projeto Blumenau Mais Verde visa realizar o plantio de árvores nativas da mata atlântica em áreas públicas de Blumenau como: escolas, centros de educação infantil, praças e ruas. Promovendo a doação das mudas, o plantio de árvores e a educação ambiental dos envolvidos.

– Categoria Pessoa Física:

Rafael Gué Martini – Programa Horizonte Oceânico Brasileiro (HOB).

O Programa Horizonte Oceânico Brasileiro impulsiona a formação de capacidades inter-redes, para atuação na interface entre conhecimento (científico e local) e políticas públicas; enfatizando a criação de oportunidades para o protagonismo de profissionais em início de carreira. O Prêmio é uma realização do Movimento Nacional ODS Santa Catarina, com parceria do Bússola Social e apoio institucional da Rede Brasil do Pacto Global.

Método S.I.M – A Ciência da Felicidade

Domingo foi o último dia de Fórum Brasil ODS para os participantes presenciais, que viveram em um momento de imersão ao Método SIM – a Ciência da Felicidade.

Desenvolvido por Renner Silva e Renato Bruno, o Método S.I.M – Segredo Inconsciente da Mudança é baseado na disciplina “Felicidade e Bem Estar”, da Universidade de Harvard (EUA). Os palestrantes uniram experiências de vida com a psicologia positiva nessa imersão sobre Ciência da Felicidade, para mostrar como pessoas felizes transformam mais e melhor o meio que habitam.

Protocolos de segurança

A parte presencial do evento foi realizada no Hotel SESC Cacupé num espaço com limite de até 200 participantes. A empresa que produziu o evento, a SB + Eventos adotou os protocolos de segurança vigentes estabelecidos pelo Governo do Estado de Santa Catarina.

“Como forma de precaução, estamos trabalhando com o pior cenário da pandemia, considerando que novembro estaríamos com o mapa vermelho. Atenderemos todas as medidas como distanciamento, uso de máscaras, passaporte de vacinação, entre outras para garantir a segurança de todos e realizarmos um grande evento”, comenta Zimmermann.

Evento sustentável

Eliminação do uso de copos plásticos descartáveis, por meio de parceria com a empresa Silicup

Para que o Fórum Brasil ODS 2021 tenha uma pegada sustentável, o Movimento Nacional ODS Santa Catarina realizou uma parceria da empresa rastro sustentabilidade, que auxiliou nas estratégias das ações de sustentabilidade do evento.

Dentre as ações, minimização de uso de material de divulgação, ou seja, não houve impressão de flyers e os banners foram doados para a Associação de Mulheres Empoderadas de Monte Cristo; eliminação do uso de copos plásticos descartáveis, por meio de parceria com a empresa Silicup, a qual fez o aluguel e venda copos de silicone, e com a Klabin que doou copos de papel biodegradável e lixeiras de papelão para a destinação correta dos resíduos sólidos.

Além disso, umas das preocupações do evento foi a neutralização da pegada de CO2, feito a partir de um inventário das pegadas através da contagem dos dados dos participantes e palestrantes, referente ao deslocamento e hospedagem, e informações do evento como o gerenciamento de resíduos, consumo de água, energia. Para isso, o Movimento Nacional ODS Santa Catarina fez uma parceria com a empresa Neo Green, responsável em fazer o inventários de pegada de carbono, e com o instituto Neo Carbon, o qual emite o selo e certificado de compensação, mediante compensação efetiva e relatada, que no caso será por meio do plantio de mudas nativas, as quais serão doadas pela Apremavi.

O local do plantio e monitoramento será uma estratégia pós-evento, mediante ao quantitativo a compensar. “A proposta será coordenar uma ação de plantio junto aos comitês locais do Movimento Nacional ODS Santa Catarina. Atualmente contamos com 14 comitês, atuando em 81 municípios de santa catarina”, explica Gilson Zimmermann, Coordenador Geral do Movimento Nacional ODS Santa Catarina.

Para que o evento seja lixo zero, a empresa rastro sustentabilidade fez o treinamento de voluntários que atuaram no evento, para que fizessem o descarte correto dos resíduos gerados no evento. Já os resíduos orgânicos foram destinados para a compostagem do Sesc, e os rejeitos e recicláveis pesados e destinados corretamente ao aterro sanitário e cooperativas de reciclagem. A partir disso, e por meio de parceria também com a Co.Circular, o evento vai buscar a certificação junto ao Instituto Lixo Zero.

No local do evento também houve a exposição e venda de produtos sustentáveis, e foi possível adquirir os copos retornáveis de silicone da Silicup, além de produtos da AMMO – Associação de Mulheres Empoderadas do Monte Cristo e conferir o lançamento dos filtros de barros da Bíon.


Realização

Realizado a cada dois anos, o Fórum Brasil ODS 2021 é uma iniciativa do Movimento Nacional ODS Santa Catarina, e contou com a produção da SB + Eventos. Esta edição teve o patrocínio da Fisher, da AMBEV, BRDE, Engie, Portonave e Casan. Contou com a parceria institucional da Armazém Água Mineral, da Calion Group Service, da Fadel Palestrantes, da Hubri e do SESC Fecomércio SENAC. Teve ainda o apoio institucional da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura e da Rede Brasil do Pacto Global.

Para conferir os melhores momentos do evento, acesse o Instagram do Movimento Nacional ODS Santa Catarina.

Acesse todas as fotos aqui.