Os desafios apresentados na área de recursos hídricos podem ser superados se houver uma maior conscientização do governo, da iniciativa privada e das pessoas. Para a bióloga Ana Luiza Fávaro, CEO da Acqua Expert e curadora do Núcleo Conservação de Recursos Hídricos da BW Digital, o problema é grave e urgente, mas, ao mesmo tempo, subestimado.
“A água que nós bebemos é a mesma que os dinossauros bebiam. Porém, a falta de água tratada pode levar em casos extremos à morte. Hoje, nossos rios se tornaram verdadeiros esgotos e para realizar o tratamento dessa água poluída é preciso utilizar tecnologias bem mais avançadas”, ponderou Ana Luiza, durante o BW Talks Água: Do saneamento à energia, promovido pelo Movimento BW, iniciativa da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), no dia 15 de julho.
De acordo com o engenheiro químico José Eduardo Wanderley de Albuquerque Cavalcanti, fundador da Ecopam Engenheiros Consultores, o Brasil utiliza o mesmo procedimento para tratamento da água de 150 anos atrás, o que impossibilita tratar rios altamente poluídos para se obter um recurso potável. Contudo, existem tecnologias no mercado global para transformar a água com o maior número de poluentes em ultrapura. “Entretanto, o problema está no custo”, ressaltou. Por isso, a saída encontrada pela esfera pública em São Paulo, por exemplo, é buscar mananciais em locais distantes. “O valor gasto é bem menor”, pontuou.
Sobre iniciativas para conservar os recursos hídricos, Ana Luiza citou o caso da Natura, que utiliza a tecnologia MBR – união do sistema de convencional de lodos ativados com uma membrana que impede a passagem de vírus e bactérias – para tratamento de seus efluentes. O resultado obtido é um efluente com qualidade, que pode ser reutilizado na própria indústria.
O setor sucroalcooleiro paulista é outro caso de sucesso na redução do consumo de água. “Há uns 20 anos, as usinas utilizam 25 metros cúbicos de água por tonelada de cana. Atualmente, é aplicado menos de 1 metro cúbico por tonelada de cana. Essa economia veio do próprio processo produtivo. A colheita mecanizada possibilitou que o produto tivesse menos terra, eliminando, dessa forma, a etapa da lavagem”, explicou Cavalcanti, que acrescentou que a cana possui 60% de água, que é reusada pela indústria para produção de vapor que se transforma em energia. A seu ver, por questões de competitividade, as empresas estão mudando processos produtivos arcaicos, a fim de utilizar menos insumos e água.
O BW Talks Água: Do saneamento à energia está disponível no site oficial do Movimento BW.