Evento conta com 40 líderes e deve reforçar o compromisso mundial com as próximas gerações
Entre os dias 22 e 23 deste mês, acontece a Cúpula de Líderes sobre o Clima. O evento é organizado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Cerca de 40 representantes foram convidados, dentre eles, o Brasil. A reunião marca a volta dos EUA para o centro do debate climático e pretende preparar para a Conferência das Partes (COP), que acontecerá em novembro deste ano e será realizada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
A reunião vai debater sobre os impactos da mudança climática no mundo e o modo como as emissões estão cada vez mais apresentando números expressivos de poluentes. Os países devem reforçar o compromisso firmado pelo Acordo de Paris, traçar novas metas para a diminuição e tentar impedir que o planeta atinja a marca de aumento de 1,5 grau Celsius na temperatura global. Além disso, o evento serve para que os Estados Unidos, depois de quatro anos fora, tente viabilizar a responsabilidade ambiental.
“A agenda traz para o foco do debate das principais urgências do planeta. Não é mais possível conviver com a alta poluição do ar atmosférico e com o desmatamento de áreas. O aquecimento global, o uso excessivo de combustíveis fósseis para a energia, a contaminação dos recursos hídricos prejudica várias espécies de animais, dentre eles, os seres humanos”, aponta a advogada e mestre em Direito Ambiental, Dra. Cristiana Nepomuceno de Sousa Soares.
Brasil no eixo do debate climático
Em 2019, o Brasil se destacou pela postura de descaso em meio às queimadas na Amazônia, pela devastação do Pantanal, e ganhou evidência nas manchetes mundiais. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o país perdeu cerca de 500 mil m2 de biomas em 18 anos, metade da Amazônia. O Brasil chega ao evento com a missão de demonstrar um amplo e dedicado compromisso com as questões climáticas.
Em uma carta enviada a Joe Biden neste mês, o presidente Jair Bolsonaro se comprometeu, pela primeira vez, a zerar o destamamento ilegal até o ano de 2030. No entanto, para o início de uma comunicação amigável entre as nações, é necessário que o discurso do Brasil mude de forma e esteja alinhado à prática. Em troca, o Governo Federal espera que os americanos sejam mais maleáveis na comunicação com o Brasil, como por exemplo, no fornecimento de vacinas.
“Na contramão do movimento de preservação, caminha o Brasil e, com isso, a credibilidade em torno do tema é perdida cada dia mais. Esperamos que o país se alinhe, na prática, com o discurso. Com isso, teremos um futuro mais próspero, uma rede mais moderna de energia renovável, um futuro mais sustentável para nossa e futuras gerações”, finaliza a advogada que é presidente da Comissão de Direito de Energia da OAB/MG.
Sobre a Dra. Cristiana Nepomuceno de Sousa Sores
É graduada em Direito e Biologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Pós-Graduada em Gestão Pública pela Universidade Federal de Ouro Preto- MG. Especialista em Direito Ambiental pela Universidade de Alicante/Espanha. Mestre em Direito Ambiental pela Escola Superior Dom Helder Câmara.
Foi assessora jurídica da Administração Centro-Sul da Prefeitura de Belo Horizonte, assessora jurídica da Secretaria de Minas e Energia- SEME do Estado de Minas Gerais, consultora jurídica do Instituto Mineiro de Gestão das Águas- IGAM, assessora do TJMG e professora de Direito Administrativo da Universidade de Itaúna/MG. Atualmente é presidente da Comissão de Direito de Energia da OAB/MG.