Chuvas, alagamentos, árvores, acidentes e mortes. O aquecimento global chegou à grande metrópole, e isso é um fato, mas como podemos prevenir que o caos se instale?
Nada de icebergs derretendo ou buracos na camada de ozônio, estamos falando de uma chuva que não durou nem duas horas, e caiu como um efeito borboleta. Com mais de cem quedas de árvores na maior cidade brasileira do continente sul-americano, uma delas situada em um bairro nobre de São Paulo, atingiu o carro de uma família de quatro pessoas. Após um resgate comovente, que levou mais tempo que o próprio fator causador, a mãe não sobreviveu.
Casas, ônibus e pessoas sofreram com o temporal, e até um motoqueiro foi atingido por uma árvore na Avenida 23 de maio. Centenas de ocorrências de acidentes ao mesmo tempo. A questão é, poderíamos ter evitado? Sim, a poda da árvore poderia ter evitado. Segundo a prefeitura de São Paulo, de janeiro a outubro deste ano, 144.700 árvores foram podadas e mais de 11 mil removidas, mas a da Rua Thirso Martins, infelizmente não foi uma delas.
Voltamos então ao efeito borboleta e a teoria do caos de Edward Lorenz. As consequências das nossas ações climáticas e o descaso quanto a condição dessas árvores gerou transformações drásticas e significativas, e famílias pagaram e pagam o preço. E embora nossa dívida com a natureza seja incalculável, nós temos a tecnologia a nosso favor e podemos como Lorenz, calcular riscos, analisar resultados e o mais importante, realizar um trabalho de prevenção.
Parte do plano de deixar as cidades preparadas para enfrentar os efeitos do aquecimento global é plantar mais árvores, mas estas podem causar mais acidentes com novas quedas se plantadas em locais de risco ou sem o devido planejamento. Nesta perspectiva já é possível enxergar o tamanho do problema. Precisamos arborizar a cidade para evitar o efeito estufa, porém elas se tornam um perigo à sociedade quando não cuidadas e bem planejadas. Ou seja, a verdade é que precisamos corrigir nossos erros e utilizar toda a tecnologia disponível para ter sucesso. Por exemplo, pontos de alagamentos poderiam estar equipados com sensores capazes de avisar os veículos que estão na região, que aquele local não será uma boa escolha. Não estou falando de algo difícil, são sensores que podem ser facilmente conectados ao google maps, waze e outros aplicativos.
Mapear os pontos que tenham árvores muito antigas pode prevenir que tragédias aconteçam. E se caso um acidente acontecer, podemos também diminuir o tempo de resgate e otimizar as chances de sobrevida por meio de tecnologia que detecta colisões em qualquer tipo de veículo, do leve ao pesado, enviando um alerta imediatamente a ambulância mais próxima. Ainda, é possível passarmos a usar o mesmo procedimento das companhias áreas que é cadastrar telefones de pessoas próximas para que elas sejam avisadas, caso algo aconteça.
Da mesma forma que o aplicativo consegue calcular um bom caminho baseado no tempo/trânsito, ele também pode fazê-lo com características e dados de que uma determinada região se tornou momentaneamente perigosa, para com tempo hábil alterar a rota, fazendo com que o motorista chegue ao seu destino em segurança.
Câmeras e botões de pânico podem autorizar que você envie vídeos dos 30 segundos anteriores ao acidente para uma central, determinando uma informação precisa à polícia e ou bombeiros. Muitas dessas tecnologias já existem há mais de 20 anos, o que falta é organizar a sociedade para um mundo mais dinâmico e proativo à vida.
No fundo, falamos sobre criar conceitos para uma cidade inteligente, incentivos para que novos carros tenham a tecnologia de fábrica, a prerrogativa à privacidade dos dados e o recurso econômico para viabilizar as boas ideias. Não é difícil! A tecnologia está à disposição, acessível em escala nacional e com um custo barato. Além de preservar vidas, a economia com o SUS, INSS e danos ao patrimônio público faz dessa conta, justa e eficaz.
Estamos à frente de um desafio político e social. Político para criar os incentivos e social para aceitarmos e incorporarmos as tecnologias que já existem.
Daniel Schnaider é CEO da Pointer by Powerfleet Brasil, líder mundial em soluções de IoT para redução de custo, prevenção de acidentes e roubos em frotas. Integrou a Unidade Global de Tecnologia da IBM e a 8200 unidade de Inteligência Israelense. É jornalista, autor e economista pela universidade Haptuha de Israel e pioneiro do comércio eletrônico e pagamento digital.
Sobre a Pointer By PowerFleet Brasil: A multinacional de origem israelense iniciou operações em 1994 e está presente no Brasil desde 2010. Em 2019, foi adquirida pela norte-americana PowerFleet®. A companhia é especializada no desenvolvimento de ferramentas, serviços e tecnologias para gestão inteligente de frotas de empresas e locadoras, com foco em soluções de telemetria. Além de possibilitarem uma redução de custos em torno de 20%, seus produtos proporcionam o monitoramento remoto dos veículos, diminuindo a incidência de fraudes, desvios de conduta e roubo de cargas. Com mais de 3 milhões de produtos de telemetria vendidos reúne mais de 50 mil carros, motocicletas, caminhões e implementos rodoviários rastreados no Brasil e 600 mil no mundo.