Case de Signatário: Conheça as ações do CICAL para o alcance dos ODS

, , Carine Bergmann 8 de setembro de 2020
 Case de Signatário: Conheça as ações do CICAL para o alcance dos ODS

Para conhecer as ações do Centro Intercultural Afetivo Latino-Americano, conversamos com Pablo L. Pieropan, Diretor de Comunicação e Relações Públicas do Centro Intercultural Afetivo Latino-Americano, Círculo Argentino de SC.

O projeto é voltado à integração e inclusão afetiva e ao acesso à cidadania e à cultura por meio de ações promotoras da cultura da paz, da transformação social e do desenvolvimento comunitário. Pieropan relatou as ações que estão sendo realizadas para o alcance do ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável; ODS 4 – Educação de Qualidade Para Todos; e ODS 5 – Igualdade de Gênero. Confira a entrevista!

1 – O que é o Centro Intercultural Afetivo Latino-Americano? Há quanto tempo atua? Qual valor entrega para a sociedade?

Voluntários na Horta Orgânica do CICAL

O Centro Intercultural Afetivo Latino-Americano (CICAL) é um projeto intercultural voltado à promoção do exercício da integração afetiva, da cidadania e do acesso à cultura latino-americana baseado em princípios de inclusão e sem fins lucrativos.

O objetivo geral do CICAL é promover a integração cultural com diferentes gerações por meio de estratégias capazes de fomentar a cultura da paz, a transformação social, o desenvolvimento comunitário sustentável e o fortalecimento das capacidades locais e regionais.

O principal valor que o CICAL entrega para a sociedade é a prática de atividades humanitárias voltadas à transformação social e à inclusão, ampliando o acesso à cultura latino-americana em suas diversas linguagens, fomentando a experiência estética da população local e regional. Trata-se de valorizar as manifestações artístico-culturais de artistas residentes em Balneário Camboriú e região, instituindo um espaço permanente de produção e intercâmbio.

O CICAL foi criado em outubro de 2019 pelo Círculo Argentino de Santa Catarina (CASC), instituição beneficente e sem fins econômicos, sediada em Balneário Camboriú, no litoral norte catarinense. No ano 2020 o CASC completou 25 anos de vida.  

2 – Sobre os projetos relacionados aos ODS, há quanto tempo estão em andamento?  Já é possível mensurar os resultados? Quantas pessoas estão envolvidas e qual o seu impacto na comunidade?

Começamos trabalhar nos objetivos ODS 2030 a partir de junho deste ano. Os voluntários do CICAL e membros do CASC iniciaram a adaptação do Solar da Piscina (área de lazer da instituição), para a semeadura de alface, salsa, hortelã, erva-cidreira, rúcula, rabanete, cebolinha, orégano e alecrim, com a finalidade de estabelecer uma horta orgânica e sustentável. Ao mesmo tempo instalamos um sistema de hidroponia construído totalmente por nós. Essa ação busca contribuir com o Objetivo N° 2 “Fome Zero e Agricultura Sustentável“, involucrando ao bairro, convidando as pessoas a participarem e entregando mudas das diferentes espécies. Dessa maneira difundimos sistemas sustentáveis de produção de alimentos e práticas agrícolas resilientes.

No mesmo mês de junho iniciamos as aulas de português para estrangeiros de modalidade virtual. Com essa iniciativa buscamos atingir o ODS N° 4 “Educação de Qualidade, no que respeita a colaborar para que mais jovens e adultos (nesse caso estrangeiros), tenham habilidades relevantes para emprego, trabalho decente e empreendedorismo.     

Aulas de Português para estrangeiros

Ainda no mês de junho foi criado o grupo “Mulher sem Fronteiras”, dependente do CASC que articula ações do CICAL, tanto na área cultural quanto em outras específicas relacionadas à problemática da mulher e de gênero, procurando contribuir para o Objetivo nº 5 “Igualdade de Gênero, garantindo a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para liderança em todos os níveis de tomada de decisão. Foram realizadas várias reuniões com temáticas como integração e iniciação de vínculos, empreendedorismo e motivação.

Referido à percepção de resultados, podemos afirmar que estamos conseguindo um incremento na adesão de participantes para cada projeto. Por exemplo, na Horta Orgânica, Sustentável e Comunitária, começamos com três pessoas. No mês de agosto tivemos que dividir a turma em dois grupos porque já houve mais de 15 pessoas, o que poderia trazer inconvenientes por causa dos cuidados necessários pela pandemia.

As aulas de português tiveram uma repercussão imediata após a publicação por redes sociais. Formamos a primeira turma das quintas-feiras com 6 participantes. Ao dia de hoje são 24 pessoas residentes em diferentes cidades de Santa Catarina, principalmente de Balneário Camboriú e Florianópolis. O nível dessa turma das quintas é intermediário. No dia 2 de setembro tivemos a primeira aula para principiantes não residentes, devido à necessidade de criar mais um grupo pela demanda originada. Esse segundo grupo tem encontros nas quartas. São 23 pessoas e a maioria reside na Argentina.

Já no caso do grupo Mulher sem Fronteiras, podemos afirmar que a participação é variável, já que o grupo está composto por 27 mulheres, das quais muitas preferem participar só de reuniões on-line e outras, pelo contrário, gostam dos encontros presenciais que são mais distanciados temporalmente por causa da pandemia. Porém, o que resulta evidente é o incremento de propostas a desenvolver, isto porque no início o objetivo era tratar as problemáticas de maneira reflexiva e com o apoio de profissionais especificados em diferentes temáticas. Desde agosto surgiram outras iniciativas como a criação de um consultório psicológico gratuito exclusivo para mulheres e a realização de uma feira de empreendedoras. 

3- Como tiveram conhecimento do Movimento ODS Santa Catarina e por que resolveram fazer parte? Qual a expectativa com a adesão ao Movimento?

Nosso CEO (Diretor Executivo) Carlos Juan José Castillo Scheuermann, morou na Suíça nas décadas dos ’80 e ’90. Naquela época ele trabalhou para diferentes organizações, algumas delas internacionais, se relacionando com pessoas ligadas a ONU e se envolvendo em atividades filantrópicas. Para o ano 2000 ele aderiu à Declaração do Milênio das Nações Unidas, através dos ODM para 2015. Portanto, como organização, chegamos conhecer o Movimento ODS Santa Catarina por meio das orientações do nosso CEO, quem previu no plano geral do projeto a adesão do CASC e do CICAL aos ODS 2030.     

Grupo “Mulher sem Fronteiras”.

Ao aderirmos ao Movimento ODS SC esperamos fazer parte do grupo de organizações e indivíduos protagonistas da transformação que o planeta precisa, começando pela nossa região. Queremos gerar vínculos com pessoas e entidades que compartilhem esses objetivos e trabalhar juntos para conseguir mudanças verdadeiras, para o benefício do nosso planeta e dos diferentes tipos de vida que nele habitam.   

 4 – Quais são as ações que a organização está realizando para mitigar o impacto do novo coronavírus? Estão se planejando para o pós-pandemia?

As ações que estamos realizando para mitigar o impacto do Coronavírus estão orientadas primeiramente à contenção da nossa comunidade. É por isto que foi criado o Consultório de Apoio Psicológico Gratuito, impulsado pelo grupo Mulher sem Fronteiras. Com isto, procuramos brindar um serviço que ajude as pessoas resolver problemas psíquicos e emocionais originados pelo isolamento social e a violência doméstica, por exemplo.

A nossa principal área de atuação é a Cultura em suas diversas manifestações. Acreditamos que propostas culturais, como eventos literários e de cinema, contribuem as pessoas superar as dificuldades. Portanto no mês de maio recuperamos a biblioteca da instituição e colocamos novamente os livros a disposição, tanto para associados, quanto para voluntários e o público em geral possam acessar a leitura de quase 2000 livros. Por outra parte, sabemos que os idosos são o grupo da população mais afetado pelo isolamento e a doença. Para eles desenhamos o projeto CineAmar, que vem fomentar o cinema com um olhar reflexivo, levando projeções de filmes a lares de idosos da região.

Para pós-pandemia planejamos readaptar todas nossas atividades para duas modalidades: virtual e presencial. Vamos propor práticas artísticas que integrem ambas as formas. Realizar eventos multi plataformas. Por exemplo, estamos construindo uma exibição artística Binacional Brasil-Argentina através de uma galeria virtual!   

Por último, estamos preparando nossos colaboradores e voluntários para o pós-pandemia, encontramos utilidade na multiplicidade de capacitações que estão à disposição on-line e de forma gratuita.    

5 – Qual a visão da organização para os próximos anos, principalmente para esta década de ação, para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?

Nossa visão consiste em nos adaptar às novas realidades, as novas formas de desenvolvimento comunitário. Portanto gerar formas de trabalho que venham substituir as que ficaram obsoletas.

Biblioteca com 2000 livros à disposição da comunidade.

Pretendemos adaptar nossas atividades para práticas sustentáveis, através do impulso da capacitação e o acesso às tecnologias e recursos. 

O relacionamento com a comunidade será maior, tentando influenciar para fomentar hábitos mais saudáveis para as pessoas e o planeta.

Consideramos que a divisão do trabalho e a própria cultura do trabalho se encontram expressivamente afetadas, portanto algumas profissões deixarão de existir ou deverão diminuir os custos de subsistência. Nesse sentido acreditamos que a saída é o compartilhamento de espaços e recursos, o facilitamento do intercâmbio de informação. Um exemplo que levamos a prática é a abertura do Coworking do CICAL.

Ao final, a nossa meta para o alcance dos ODS 2030, é que através da economia dos recursos, do incentivo de novas ideias, da inclusão das pessoas através da Cultura, da utilização de tecnologias sustentáveis, possamos junto com a comunidade e outras organizações gerar um sistema sano, no qual quanto mais consumirmos o que nós mesmos produzimos, mais contribuiremos para o benefício de todos.