A notícia preocupa em um momento em que a equipe comemora um feito inédito: o primeiro nascimento com sucesso em cativeiro de lontra brasileira.
No dia 14 de fevereiro duas lontras foram encontradas mortas no canal Sangradouro (próximo a Lagoa do Peri) no bairro da Armação do Pântano do Sul, no Sul da Ilha de Florianópolis. Moradores da comunidade entraram em contato com a equipe do Projeto Lontra, iniciativa do Instituto Ekko Brasil (IEB), para o recolhimento dos animais. A coordenação do Projeto denunciou o fato ao Ministério Público de Santa Catarina.
Os animais foram encontrados mortos, uma mãe e um filhote, dentro de um equipamento de pesca chamado de covo.
O fato preocupa a equipe do Projeto Lontra, pois não é uma novidade. Nos últimos três anos foram registrados nove óbitos.
“Na Lagoa da Conceição, a comunidade e alguns pescadores também estão preocupados com a situação de óbitos de lontras. “Nos acionaram para recolhimento de três lontras afogadas dentro de covos de pesca. Há relatos que muitos pescadores clandestinos usam covos e a morte de lontras é uma constante, segundo pescador da região que pediu para não ser identificado”.
É importante alertar a população para a utilização deste tipo de equipamento em locais como este, que são corredores ecológicos e de passagens dos mustelídeos. Além disso, a espécie está na lista de animais ameaçados de extinção”, explica a Presidente do IEB Alessandra Bez Birolo.
Há 30 anos o Projeto Lontra atua com a preservação da lontra brasileira, da ariranha e outros integrantes da família dos mustelídeos. Atualmente, conta com o patrocínio da Petrobras. Este recurso é uma das formas de manter o Refúgio Animal: um centro de pesquisa, conservação e educação ambiental, localizado nas imediações da Lagoa do Peri. Além disso, o trabalho consiste em monitorar a recuperação e conservação das espécies em ambientes costeiros, marinhos e água doce.
Fato inédito
A notícia gera preocupação em um momento em que a equipe comemora um feito inédito: o primeiro nascimento com sucesso em cativeiro de lontra brasileira (Lontra longicaudis). A novidade é uma importante conquista para entender melhor o comportamento da espécie.
“A partir desse nascimento conseguiremos estudar melhor o ciclo reprodutivo da espécie em um ambiente controlado, desenvolver uma metodologia que possa servir para re-introdução da espécie em ambientes onde elas foram extintas, melhorar a qualidade de vida de outras lontras em cativeiro e estimular a reprodução delas em zoológicos. Hoje, qualquer informação nesse sentido é algo inédito”, explica Junior Carvalho, que além de coordenador do Projeto Lontra, coordena na América Latina a força tarefa da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
“O nascimento com sucesso em cativeiro é um indicador de sucesso do Projeto Lontra, pois a lontra só se reproduz se tudo estiver funcionando de forma adequada, como uma boa alimentação, manejo, segurança, entre outros”, avalia Carvalho.
Batizado de Iru, que em Guarani significa companheiro, o filhote completou cinco meses no início da semana (11/02). Nasceu com 178 gramas e deverá ter em média de 7,5 a 11kg quando chegar na fase adulta. A mãe, Yara, está no Refúgio Animal há nove anos.
Em dezembro de 2017, ocorreu o nascimento de uma segunda lontra no Projeto Lontra, mas ainda está em observação para saber se irá ser um nascimento com sucesso. Atualmente, vivem no Refúgio Animal sete lontras e duas iraras.
Sobre o IEB
Criado em 2004, em Santa Catarina, o Instituto Ekko Brasil (IEB) é uma organização não governamental cujo objetivo é coordenar e apoiar projetos que tenham como foco a conservação da biodiversidade e o turismo de conservação. O IEB atua através da pesquisa e da mobilização social, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das comunidades, deixando um legado positivo às gerações futuras.
Sobre o Projeto Lontra
É o principal e mais antigo projeto de pesquisa e conservação desenvolvido pelo Instituto Ekko Brasil, sendo o responsável pela criação do próprio Instituto. O Projeto Lontra tem quase 30 anos de história. Atualmente, as ações do Projeto abrangem a recuperação, conservação e ampliação do conhecimento técnico de lontras e outros integrantes da família dos mustelídeos. Os trabalhos são realizados por meio de dois Centros de Pesquisa, Conservação e Educação Ambiental em dois importantes biomas, um na Mata Atlântica e outro no Pantanal.
ODS
O Projeto Lontra conta com o patrocínio da Petrobras, além do apoio da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). É signatário do Movimento ODS Nós Podemos Santa Catarina e atua para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nº 6 – Água Potável e Saneamento, ODS 4 – Educação de Qualidade Para Todos e ODS 8 – Trabalho Descente e Crescimento Econômico, mais especificamente na meta 8.9: é 2030, conceber e implementar políticas para promover o turismo sustentável, que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais