Fotos: Marianna Hofer Neris
Você sabia que 70,1% da população em situação de rua na Grande Florianópolis exercem alguma atividade remunerada? E que 77,8% dos entrevistados são homens? Além disso, que 65% deste grupo têm entre 30 a 49 anos?
Esses dados estão no Diagnóstico Social Participativo da População em Situação de Rua, apelidado carinhosamente como “Pop Rua”, lançado no dia 10 de julho na Assembleia Legislativa de Santa Catarina – ALESC. Na ocasião, também foi apresentado um vídeo, que documentou o processo da pesquisa e traz depoimentos dos envolvidos na iniciativa.
“Reinventamos o conceito de cooperação, de construção coletiva. Mostramos que é possível fazer juntos com o poder público e a sociedade civil. Estamos aqui para construir e esperamos que seja apenas o início do projeto”, disse Mariane Maier Nunes, Gerente Executiva do ICOM.
Em uma correalização entre o ICOM, o Movimento Nacional da População de Rua de SC e organizações de base comunitária que apoiam a causa na Grande Florianópolis, o Pop Rua traz voluntários em situação de rua como pesquisadores para conhecer quem são e como vivem um parcela desta população: “Existem vários trabalhos para a população de rua, o ICOM é uma das únicas instituições que cria com eles e não para eles. Muitos disseram que somos loucos por confiar neles para esse trabalho. Digo que somos inovadores”, ressalta Gabriel Amado, coordenador de campo da pesquisa.
Para André Scheifer, pesquisador de campo e coordenador do Movimento Nacional da População de Rua – SC,que durante 15 anos viveu nas ruas e há 16 meses está fora delas, o diferencial do projeto foi a construção participativa e a confiança: “Para mim, o mais importante não são os dados, mas uma instituição como o ICOM construindo junto com a rua, com pessoas que são criminalizadas.
O processo de pesquisa de campo durou três meses e teve o acompanhamento diário do ICOM, além de encontros semanais entre os agentes envolvidos. As entrevistas foram realizadas com cerca de 1000 pessoas, entre dezembro de 2016 a fevereiro de 2017, nos municípios de Biguaçu, Florianópolis, São José e Palhoça. Nos próximos cinco meses, os voluntários participarão de atividades dentro do ICOM e nos territórios dos municípios, visando dar continuidade ao projeto por meio da formação de multiplicadores dessa metodologia de atuação.
“Esse projeto também tem como objetivo o fortalecimento do Comitê de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua de Florianópolis, o qual o ICOM faz parte e o único na Grande Florianópolis. A formação dos comitês em outros municípios também seria um resultado importante”, afirma Aline Venturi, coordenadora da pesquisa.
Sobre o ICOM
O ICOM atua como Fundação Comunitária, apoiando empresas e indivíduos a realizarem investimentos sociais e doações com impacto social positivo na região da Grande Florianópolis. Tem como missão auxiliar organizações da sociedade civil e iniciativas sociais a terem uma gestão eficiente e a servirem como canais de participação dos cidadãos para melhorarem a qualidade de vida na Grande Florianópolis e em Santa Catarina.
Desde 2013, a partir do Decreto Municipal 11.624, o ICOM integra o Comitê de acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal para a População em Situação de Rua de Florianópolis com o objetivo de acompanhar e monitorar o desenvolvimento dessa Política, a partir do que está preconizado no Decreto Federal 7.053/2009.
Segundo o Decreto Federal 7.053/2009, são alguns dos objetivos da Política Nacional: instituir a contagem oficial da população em situação de rua; produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais e incentivar a pesquisa, produção e divulgação de conhecimentos sobre a população em situação de rua.
“Poder público e sociedade civil têm papel fundamental para garantir os direitos desse grupo, por meio do apoio à organização da população em situação de rua e à sua participação nas diversas instâncias de formulação, controle social, monitoramento e avaliação das políticas públicas”, ressalta Aline.
O Diagnóstico Participativo da População de Rua é uma correalização do ICOM – Instituto Comunitário Grande Florianópolis e do Movimento Nacional da População de Rua, e contou com o apoio de organizações da Grande Florianópolis como o GAFAD – Grupo de Apoio aos Familiares de Desaparecidos de SC, a Ação Social de Campinas – São José, a Ação Social Ponte do Imaruim – Palhoça, a Pastoral do Povo de Rua de Biguaçu e a Ação Social Arquidiocesana de Florianópolis.
São parceiros financiadores, as organizações internacionais Global Fund for Community Foundations e IAF – Inter-American Foundation.
Texto: Carine Bergmann – Assessora de Comunicação do Movimento ODS Nós Podemos SC. Assessora de Imprensa.