Por Mariane Maier Nunes, Gerente Executiva do ICOM
A participação do ICOM no evento foi marcada pelo workshop sobre o Sinais Vitais que focou nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, uma iniciativa global que tem o potencial de complementar a ferramenta de articulação e conhecimento da comunidade, Sinais Vitais, e o trabalho de organizações catalisadoras de impacto local como o ICOM – Instituto Comunitário Grande Florianópolis.
Quando mapeamos o trabalho das nossas fundações comunitárias com os objetivos da ONU, pudemos perceber que os ODS1, ODS3, ODS4, ODS10 e ODS11 são os objetivos que mais contribuímos como organizações catalisadoras de impacto local. Ao fazer o exercício refletindo a prática do ICOM, concluímos que todos os projetos, programas ou ações estão alinhadas com um ou mais ODS, mas ao mesmo tempo, muitas das nossas ações locais, não estão no framework da ONU. Por exemplo, o Diagnóstico Social Participativo da população em situação de rua trabalha para reduzir as desigualdades (ODS10), tornar a cidade mais segura, resiliente e sustentável (ODS11), promover uma sociedade pacífica e acesso à justiça para todos (ODS16), fortalecer parcerias (ODS17), acabar com a pobreza (ODS1). De forma secundária, também estamos trabalhando para minimizar os efeitos do abuso de drogas entorpecentes (ODS3) melhorar a nutrição (ODS2) e trabalhar a igualdade de gênero entre pessoas em situação de rua (ODS5).
Da mesma forma, todo o trabalho do ICOM de fortalecimento das organizações da sociedade civil, de construção de confiança para participação comunitária e de promoção do investimento social são meios para atingir os ODS. Já estamos contribuindo há muito tempo como sociedade civil, antes mesmo das diretrizes da ONU surgirem.
Para responder a complexidade de problemas sociais e atingir uma sociedade mais humana, justa e sustentável, é preciso unir esforços. Isso significa que cooperação internacional, governo, mercado e sociedade civil organizada têm que trabalhar juntos. O que chamamos de ‘mainstream development’, como a plataforma da ONU, é muito positivo para chegarmos a uma linguagem global. Isso ajuda na hora de formularmos parcerias, e também para que o nosso trabalho local ganhe escala em uma agenda mundial. Como exemplo, uma das vantagens da plataforma é que fomenta o investimento social entre empresas, que entendem a linguagem dos ODS, e são motivados a agir. Ao mesmo tempo que reconhecemos os ODS, não podemos perder a nossa identidade local. Essa foi a principal conclusão do workshop no Canadá. Precisamos dar mais visibilidade para métodos participativos, da base, de desenvolvimento local, e também reconhecer que cada comunidade possui desafios diferentes, que não podem se encaixar em apenas um framework.
De fato, o Brasil é o oitavo país a lançar Plataforma de Filantropia para atingir os objetivos . A pergunta é quantas organizações de base acessarão essa plataforma? Se pararmos para pensar, muitas organizações da sociedade civil, grupos e movimento sociais, já estão trabalhando para alcançar os ODS, mas essas organizações de base comunitária não estão medindo seus resultados de acordo com o padrão da ONU. Da mesma forma, muitos dos encontros e conversas, tanto no nível internacional (Conferência do Canadá, WINGS e outras onde participei), e de nível nacional, tem como principais protagonistas de desenvolvimento, Governo e Mercado. Porém, meu entendimento é que os ODS não serão alcançados sem incluir as organizações de base comunitária na conversa. São elas que implementam muitas das mudanças na ponta.
O papel do ICOM, como catalisador local, é justamente de contribuir para que OSCs (ONGs) locais participem, sejam incluídas na conversa. Por trabalhar há mais de dez anos para o desenvolvimento local da Grande Florianópolis, temos o potencial de traduzir os ODS para o nosso contexto.
É o que os projetos do ICOM, Sinais Vitais, e o Mesas Quadradas já vêm fazendo. E é por isso que temos muito orgulho de fazer parte e ser Instituição Âncora do movimento que tem tido muito sucesso em trazer os ODS para Santa Catarina, o Movimento ODS SC. Estamos trabalhando de perto, local e global, para impactar ainda mais a nossa região.
Sobre o SV do ICOM e a participação na conferência leia aqui.
Sobre a conferência: http://communityfoundations.ca/belong2017/