Em sua dissertação de mestrado, Janaina Mayara Müller da Silva analisa como o Movimento ODS Nós Podemos SC Movimento é um fator de influência política no desenvolvimento local, articulando estratégias globais e instigando trocas entre as esferas global e local.
Confira a seguir uma síntese da pesquisa:
MOVIMENTO NÓS PODEMOS E O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO
Por Janaina Mayara Müller da Silva
O processo de globalização nos últimos anos tem estimulado a interação entre indivíduos e regiões em escala mundial, envolvendo aspectos culturais, econômicos, políticos, dentre outros. Neste sentido, o fenômeno intensifica relações entre o global e o local, o que pressupõe que processos globais interferem no desenvolvimento local, bem como, acontecimentos locais moldam estruturas globais. A materialização desta relação global-local pode ser identificada de diversas formas. Uma delas pode ser observada por meio da atuação do Movimento Nós Podemos, que possui uma dinâmica de territorialização de agendas globais, como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Diante disto, o Núcleo de Políticas Públicas (NPP) do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de Blumenau (PPGDR/FURB), tem pesquisado as dinâmicas de pactuação territorial do Movimento Nós Podemos[1]. Uma das pesquisas buscou estudar a expressão territorial da relação global-local, com base no estudo de caso da institucionalização do Movimento Nós Podemos em Santa Catarina[2]. Dentre os resultados, destacou-se que o Movimento é um importante fator de influência política no desenvolvimento local, que articula estratégias globais. Ou seja, instiga trocas entre as esferas global e local.
Vinculado ao processo de globalização, o Movimento Nós Podemos é expressão de uma nova forma de fazer política. Mais especificamente, o Movimento tanto estimula processos globais como é resultado destes processos. Estimula, pois atua no sentido de disseminar agendas internacionais para que sejam norteadoras do desenvolvimento local, e neste sentido, vinculam questões globais ao local e ações locais à indicadores globais. E é resultado destes processos na medida em que possui características especificas na sua atuação, que surgem com o processo de globalização, como a articulação em rede, junção de diversas lutas em prol de objetivo comum, demanda global, etc.
A atuação do Movimento se consolidou em três eixos principais: 1) disseminação dos pactos globais para a ampliação do conhecimento acerca dos mesmos; 2) sensibilização de atores para que estes compreendam a importância das agendas globais para o desenvolvimento local, e sendo assim, desenvolvam atividades que permitam a melhoria dos indicadores estipulados por estas agendas; e 3) constituição de núcleos locais de trabalho, instituindo uma rede de atuação consistente para a estruturação dos dois eixos sinalizados anteriormente. Neste sentido, o Movimento institui espaços de articulação, permitindo a territorialização de agendas globais, o que pressupõe o fortalecimento da relação entre o global e o local.
A presença do Movimento em cada território também indica um ator significativo no direcionamento do desenvolvimento, pois está associado ao padrão de organização da sociedade civil. A mobilização de um considerável número de atores – com características e interesses distintos, e em diferentes localidades – em prol de uma agenda comum, indica a presença de uma expressão política que interfere no desenvolvimento. Isto é, o Movimento age de forma coletiva, organizada, com intencionalidades e estratégias para influenciar no processo de desenvolvimento. Isto significa que exerce um papel político para que as agendas locais considerem estratégias globais como propositivas para o desenvolvimento local.
Sendo assim, a presença do Movimento diferencia territórios, pois sua institucionalização pressupõe um fortalecimento da relação global-local no que tange ao desenvolvimento. Mais especificamente, articula-se nestes territórios uma lógica (direcionamento) global do desenvolvimento. Ou seja, a atuação interfere no desenvolvimento local enquanto força política – disseminando (padronizando) um modelo (ideal) de desenvolvimento global.
[1] Parte das pesquisas do NPP estão associadas ao Projeto de Produtividade em Pesquisa do professor Dr. Oklinger Mantovaneli Júnior, fomentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O mesmo intitula-se “Sustentabilidade (política e administrativa) na gestão do desenvolvimento e governança como fator de territorialização: um estudo das dinâmicas de pactuação territorial oriundas da transição entre o movimento Nós-Podemos Brasil / Objetivos do Milênio – ODM / PNUD e a estruturação, no Brasil, dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ODS / PNUD”.
[2] Pesquisa defendida a título de dissertação de mestrado pela autora, intitulada: “A expressão territorial da relação global-local: o processo de institucionalização do Movimento Nacional pela Cidadania e Solidariedade em Santa Catarina no período de 2009 a 2015”. O estudo foi realizado no período de 2014 a 2016, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – FAPESC, mediante concessão de bolsa de estudos. A integra da pesquisa está disponível através da biblioteca online da FURB. Acesse aqui.