O secretário-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, Carlo Pereira, foi o primeiro palestrante do Fórum Brasil ODS 2019 neste segundo dia de evento no Jurerê Beach Village. Ele falou sobre a relação dos ODS com as estratégias de negócios das empresas. Carlo lidera o Conselho Regional das Redes Locais na América Latina e Caribe do Global Compact.
Entre muitos números citados na explanação, ele lembra que 86% das empresas mostram interesse em investir sustentavelmente. “Quando temos crise, sempre temos oportunidade”, observa, ao citar grandes empresas do carvão mineral que estão em queda por não estarem alinhadas às formas de desenvolvimento que irão garantir o futuro global.
“Empresas mais sustentáveis geram mais riqueza”, mostra Carlo Pereira, demonstrando estudos em revistas importantes. “Quando a empresa é movida por propósito, a tendência é que o negócio tenha números mais satisfatórios. E os ODS são hoje nossos parâmetros, então uma agenda comum é muito acertada”, diz o palestrante.
Saber aprender e desaprender é um dos conselhos do representante do Pacto Global aos empresários. “As empresas são parceiras vitais. Como devem fazer para entrar de maneira séria e definitiva nessa agenda, questiona Carlo Pereira. Ele demonstra mais números: Os maiores 157 PIBs do mundo são de empresas, e não países. As soma das 10 maiores receitas do mundo de empresas é maior do que os 180 menores PIBs do mundo. “Este dado demonstra o poder dessas organizações”, mostra Pereira.
Para o especialista, o mercado precisa aproveitar as oportunidades que a Agenda 2030 traz. “Inação custa muito caro quando se olha sustentabilidade”, adverte. Ele mostrou também, em gráficos, de forma detalhada, os custos da violência e de conflitos armados: 9% do PIB global. “Então, as empresas que não tiverem propósito alinhado aos anseios da sociedade vão perder valor. Os atores que começaram a falar nisto são atores novos. Empresas orientadas a propósito rendem 600% mais”, informa o representante do Pacto Global.
Pereira cita Larry Fink, que considera uma referência. CEO da Backrock, que gerencia o valor referente a dois PIBs brasileiros. “Ele tem 6 trilhões sob gestão. Está entre os 10 maiores fundos do mundo”, conta. Diante desses números, traz recomendações fundamentais para líderes empresariais: Criar um suporte, recuperar a confiança da sociedade, integrar os ODS, defender o sistema financeiro orientado para o modelo sustentável a longo prazo, realizar ações cada vez mais estruturantes nas empresas, pensando em sustentabilidade. São algumas orientações do conferencista.
“As grandes empresas devem trabalhar sua cadeia de valor, estabelecer as metas, integrar suas atividades e relatar as ações para a sustentabilidade. Hoje, temos 1300 empresas conectadas no Pacto Global e 72% já reportam os ODS, cerca de 30%, e está aumentando bastante”. Diante desta perspectiva Pereira se mostra otimista.
“Eventos são palcos para as empresas colocarem seus compromissos de forma clara e publicamente. Assim, há um comprometimento para que as ações sejam efetivas. Eu poderia passar o dia falando em ações que temos acompanhado”, relata Carlo.
O Pacto Global hoje tem mais de 45 projetos, e a ação aumenta. Lembrando que todos os 17 ODS estão interligados, Carlo elenca temas fundamentais como saneamento, agricultura, energia e clima, ODS, combate à corrupção, defesa dos direitos humanos, entre outros, relacionados a ações que estão sendo efetivadas.
“Nós vamos lançar uma plataforma para fazer ações. Por exemplo: Até 2050 teremos 340 milhões de refugiados no mundo, 17 milhões na América Latina. Na Venezuela, há deslocamento gigantesco. Como agir? Precisamos trazer luz a esta questão. Uma das ações é o Programa Empoderando Refugiadas (elas são ainda mais vulneráveis) ”, conta o palestrante. “Capacitação, mentoria, empresas entram como podem para ajudar a agência para refugiados. Este é um exemplo de ação”, diz Carlo Pereira.
Outro exemplo de ação é relacionada à água. Segundo dados, são 35 milhões de pessoas sem acesso a água de qualidade no Brasil. “Metade da população brasileira pisa no cocô”, ousa dizer o conferencista. “Só 25 % dos brasileiros têm acesso a tratamento de esgoto. Um dos principais programas que devem ser acelerados no Brasil diz respeito a saneamento. Uruguaiana, no RS, não tinha coleta nem saneamento. Diminuímos de mais de 35 mil ocorrências de diarreia para 500”, relata.
Ações de combate à corrupção, como coletivos que mostram setores de construção civil e limpeza urbana estão elencadas por Carlo Pereira. “No Pacto Global estamos elaborando acordos setoriais, como cartas de intenções e até instituição montada para olhar a questão de integridade no setor. Trabalhar questões de corrupção na limpeza urbana também é uma ação que deve ser intensificada no futuro pelo Pacto Global.
Confira a entrevista com Carlo Pereira:
Foto: Andrea Lins
Texto: Alessandra Cavalheiro – Jornalista e coordenadora de comunicação do Movimento ODS SC.