A implementação da Agenda 2030 para os objetivos do desenvolvimento sustentável é um desafio no mundo inteiro e Santa Catarina está inserida neste movimento de forma especial. É sede do Fórum Brasil ODS 2019 para estimular o debate e o intercâmbio de conhecimento sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil, os ODS. Durante dois dias, nesta sexta-feira e sábado, o Fórum reúne especialistas como Haroldo Machado Filho, assessor sênior do PNUD/Brasil (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Haroldo Machado fez palestra no primeiro dia do Fórum, com o tema Agenda 2030: Avanços e Desafios.
Ele ressaltou que o desenvolvimento sustentável não está atrelado somente à preservação do meio ambiente, como é interpretado por muitos, mas é uma convergência entre o desenvolvimento social, ambiental e econômico. Haroldo também chamou a atenção para a importância de que essa agenda seja adotada por todos, nas esferas públicas e privadas. Sobre o Brasil, Haroldo destacou que o país registrou um significativo avanço nos últimos anos. “O Brasil na década de 90 tinha o IDH mais baixo do que os países mais pobres do mundo têm hoje. Em 20 anos, evoluímos consideravelmente e ninguém reconhece isso. Precisamos valorizar esses avanços para pensar no futuro”, afirmou. Sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Haroldo considera que o país se destaca no que diz respeito à geração de energia. “Estamos à frente de boa parte do mundo quando falamos em geração de energia limpa e o nosso grande desafio é manter esse nível”. Sobre os principais problemas, Haroldo reconhece que o país precisa avançar no que dize respeito à saúde, ao desenvolvimento da indústria inovação e infraestrutura, à redução das desigualdades e ao fortalecimento das instituições públicas.
Confira a entrevista:
De que forma podemos alcançar os objetivos da Agenda 2030?
Estamos de alguma forma mudando a forma como vemos as questões e buscamos soluções e políticas públicas para abordá-las. Deve ser de uma forma integrada. Antes, focávamos nas questões de maneira muito pontual e específica, mas está tudo muito interconectado. Sabemos que questões de saúde estão diretamente relacionadas a questões de falta de saneamento, de infraestrutura, afeta a vida de crianças e mulheres sobretudo, então todos os objetivos estão conectados. O grande desafio é não ver apenas 17 caixinhas. É um conjunto: acho que a frase mais bonita da Agenda 2030 é que os objetivos são interligados e indivisíveis. E acho que esta é a forma mais ousada para que a gente possa pensar os problemas da atualidade, que são extremamente complexos, exatamente buscando soluções complexas para esses problemas.
Como as Nações Unidas veem o movimento em Santa Catarina?
Em Santa Catarina o Movimento tem um histórico longo, que vem desde a época dos objetivos do Milênio (ODM) – para quem não sabe, a Agenda que prevaleceu entre 2000 e 2015. Era mais concisa, menos ambiciosa, no sentido de que era entre os países em desenvolvimento apenas, e não para o mundo inteiro e focava sobretudo no combate à pobreza e à fome. E Santa Catarina já estava trabalhando nisso.
Esta agenda que nós temos agora é muito mais ampla: são 17 objetivos, muito mais metas e desafios: é muito mais complexa. Por isso, é claro, o movimento deve ser cada vez mais abrangente, buscando parcerias múltiplas, com múltiplos atores, com todos os grupos interessados e impactados, para que realmente se possa entregar um trabalho de impacto.
Um recado aos catarinenses que ainda não conhecem os ODS
Primeiro conhecer essa agenda e saber que tem aí um plano de ação global que vai impactar a sua vida localmente, e que você pode ser esse agente de transformação, que geralmente as pessoas esperam que os governos façam. Você pode ser esse agente de ação, se juntar com outras pessoas, com coletivos e instituições e transformar a sua realidade, para que possamos ter esse mundo melhor, mais justo e mais inclusivo no ano de 2030.
Confira a entrevista de com Haroldo Machado na sala de imprensa do Fórum Brasil ODS 2019 realizada pela Urban TV Brasil.
Texto e entrevista: Alessandra Cavalheiro (Coordenadora de Comunicação do Movimento ODS SC) e Penelope Bortoli (Fábrica de Comunicação)
Foto:Tunai Arozi/Univali