Igualdade de gênero no trabalho continua insuficiente, diz OIT

Regina 11 de março de 2015
 Igualdade de gênero no trabalho continua insuficiente, diz OIT

Em muitas partes do mundo, as mulheres estão muitas vezes em empregos informais e com baixas remunerações; não têm acesso a educação, formação, recrutamento; têm pouco poder de negociação e decisão; e ainda assumem a responsabilidade pela maior parte dos trabalhos de casa não remunerados.

 

Duas décadas após a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em Pequim, na China, a Organização Internacional do Trabalho reconhece que ainda é preciso avançar em termos de respeito à igualdade de gênero no trabalho.

Em termos políticos, legislativos e de ratificação de normas internacionais, a organização destaca um notável progresso. Em 1995, 126 estados membros da OIT haviam assinado a Convenção sobre Igualdade de Remuneração e 122 países haviam ratificado a Convenção contra a Discriminação. Esses números são agora 171 e 172, respectivamente.
No entanto, as mulheres continuam a sofrer discriminação generalizada e desigualdade no local de trabalho. Em muitas partes do mundo, as mulheres estão muitas vezes em empregos informais e com baixas remunerações; não têm acesso à educação, formação, recrutamento; têm pouco poder de negociação e decisão; e ainda assumem a responsabilidade pela maior parte dos trabalhos de casa não remunerados.
Globalmente, a diferença nas taxas de participação no mercado de trabalho entre homens e mulheres diminuiu muito pouco desde 1995. Atualmente, cerca de 50% de todas as mulheres estão trabalhando, em comparação com 77% dos homens. Em 1995, esses números foram de 52% e 80%, respectivamente.  Segundo um recente estudo da OIT, a maternidade também tem imposto uma penalização salarial em comparação às mulheres sem filhos. E 41% delas ainda não têm acesso à licença-maternidade de 14 semanas ou mais.
As mulheres hoje são donas ou gerenciam mais de 30% de todas as empresas, mas tendem a se concentrar em micro e pequenas empresas. Apenas 5% dos CEOs das maiores empresas do mundo são mulheres.
Ainda de acordo com a OIT, a violência continua sendo uma forte ameaça contra a dignidade das mulheres e o acesso ao trabalho digno. Cerca de 35% das mulheres no mundo foram vítimas de violência física ou sexual, o que afeta a participação dessa população no trabalho. A disparidade salarial também persiste para as mulheres com ou sem filhos. Em geral, elas ganham, em média, 77% do que os homens. Nesse ritmo, sem uma ação orientada, a igualdade de remuneração entre homens e mulheres não será alcançada antes de 2086, ou, pelo menos, 71 anos a partir de agora.
“A OIT lançou o centenário da mulher no trabalho para acelerar esses esforços globais no enfrentamento desses desafios para o avanço da agenda de empoderamento das mulheres, incluída na proposta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Essa mudança não irá ocorrer sozinha. Ela exige intervenções políticas corajosas e específicas”, disse Shauna Olney, chefe de Gênero, Igualdade e Diversidade da OIT.

O Pacto Global e os direitos das mulheres
Os princípios do Pacto Global da ONU reafirmam a importância do respeito aos direitos humanos e do trabalho, entre eles a necessidade de eliminar a discriminação no emprego. Em complemento a esse compromisso, as empresas são convidadas a assinar os Princípios para o Empoderamento das Mulheres (Women’s Empowerment Principles – WEPs), uma iniciativa apoiada pela ONU Mulheres.
No dia 24 de março, a Rede Brasileira do Pacto Global e a ONU Mulheres promovem um encontro das instituições signatárias dos WEPs em São Paulo. O evento irá compartilhar experiências em relação à aplicação dos princípios no dia-a-dia das empresas e apresentar a opinião de CEOs sobre o tema.
Conheça os WEPs

principios-mulheres

  1. Estabelecer uma liderança corporativa de alto nível para a igualdade de gênero.
  2. Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no trabalho – respeitar e apoiar os direitos humanos e a não discriminação.
  3. Assegurar a saúde, a segurança e o bem estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras.
  4. Promover a educação, a formação e o desenvolvimento profissional das mulheres.
  5. Implementar o desenvolvimento empresarial e as práticas da cadeia de abastecimento e de marketing que empoderem as mulheres.
  6. Promover a igualdade através de iniciativas comunitárias e de defesa.
  7. Medir e publicar relatórios dos progressos para alcançar a igualdade de gênero.

Fonte: Pacto Global, com informações OIT