Por Regina May – Apoio à gestão do Movimento Nacional ODS SC
No Dia da Consciência Negra, celebramos não apenas a rica herança cultural afro-brasileira, mas também refletimos sobre os desafios persistentes da desigualdade racial em nosso país. Uma dívida histórica que vem desde o período de escravização dos povos africanos até os dias atuais.
Em seu discurso na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro deste ano, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o mundo está enfrentando grandes desafios “mergulhado em um turbilhão de crises múltiplas e simultâneas”, que “se tivéssemos que resumir em uma única palavra esses desafios, ela seria desigualdade”. Afirmou que o país está comprometido em cumprir com a Agenda 2030 de forma ampla e indivisível e, em um marco significativo, o Brasil assumiu um compromisso adicional para promover a igualdade racial, ao adotar voluntariamente o 18º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) – Igualdade Racial.
O ODS 18, centrado na igualdade racial, representa um passo fundamental para enfrentar as disparidades profundas que permeiam nossa sociedade. Dados de pesquisas recentes destacam a urgência dessa iniciativa, revelando uma realidade complexa que demanda atenção imediata.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desigualdade racial persiste em várias esferas, desde o acesso à educação até oportunidades de emprego. A população negra continua enfrentando taxas mais altas de analfabetismo e uma representação proporcionalmente menor nas universidades. Isso não apenas perpetua a exclusão social, mas também limita o potencial de contribuição desses indivíduos para o desenvolvimento econômico do país.
No âmbito econômico, os números são igualmente alarmantes. Pesquisas indicam que a população negra enfrenta maiores taxas de desemprego e salários mais baixos em comparação com seus pares brancos. Essa disparidade não apenas reflete uma injustiça social, mas também impacta negativamente o crescimento econômico sustentável, impedindo o pleno aproveitamento do talento e das habilidades de todos os cidadãos.
A violência racial também é uma preocupação urgente. Relatos frequentes de discriminação e brutalidade policial destacam a necessidade de medidas concretas para combater o racismo estrutural. O ODS 18 visa abordar essas questões, promovendo políticas e ações afirmativas que desmantelam as barreiras sistêmicas e promovem uma sociedade verdadeiramente inclusiva.
A adoção voluntária do ODS 18 pelo Brasil representa um compromisso corajoso de enfrentar os desafios estruturais que perpetuam a desigualdade racial. Essa iniciativa não apenas fortalece nosso papel na comunidade internacional, mas também reforça a importância de promover a justiça social em casa.
À medida que celebramos o Dia da Consciência Negra, é crucial lembrar que a igualdade racial não é apenas um objetivo nobre, mas um imperativo para construir um Brasil mais justo, inclusivo e sustentável para todos os seus cidadãos. A jornada rumo à igualdade racial exige o esforço conjunto de toda a sociedade, e a adoção do ODS 18 é um passo significativo em direção a um futuro mais equitativo e justo para as próximas gerações.