Signatários do Movimento ODS SC realizam ações para mitigar o impacto do coronavírus

, Carine Bergmann 8 de abril de 2020
 Signatários do Movimento ODS SC realizam ações para mitigar o impacto do coronavírus

Em tempos de pandemia, signatários do Movimento Nacional ODS Santa Catarina estão atentos a seus públicos e a sua missão. Ações se intensificam para mitigar o problema no estado 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo novo coronavírus. Ela causa problemas respiratórios semelhantes à gripe e sintomas como tosse, febre e, em casos mais graves, dificuldade para respirar. 

A principal forma de prevenção é lavar as mãos com frequência e evitar tocar o rosto e ter contato próximo com outras pessoas infectadas. O contágio ocorre principalmente por meio do contato com uma pessoa infectada, que transmite o vírus através de tosse e espirros. O vírus também se propaga quando a pessoa toca em uma superfície ou objeto contaminado e depois nos olhos, nariz ou boca.

O risco de colapso do sistema de saúde

Mais grave do que a própria doença é o dano que ela pode causar no sistema de saúde. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, estima que o sistema de saúde do Brasil entrará em colapso no fim de abril, por conta da proliferação do coronavírus. “O colapso é quando você tem o dinheiro, o plano de saúde, a ordem judicial, mas não tem onde entrar para se tratar”, explica Mandetta. 

A pandemia causou, até o momento do fechamento desta matéria, 116.098 mortes no mundo, 1.267 mortes no Brasil e 24 óbitos em Santa Catarina. Por isso, o isolamento social tem sido defendido por especialistas no mundo inteiro, inclusive pela OMS, para “achatar a curva” do contágio e dar tempo para o sistema se preparar, e evitar que os médicos tenham que escolher entre quem irá viver e quem irá morrer.

Impacto na economia

Outra preocupação é com o impacto do coronavírus na economia. Um manifesto assinado em conjunto por governadores de estados do Sul e do Sudeste, divulgado no dia 2 de abril, pede ações efetivas do Governo Federal para evitar o colapso econômico das unidades da federação. 

Segundo a carta, o governo acerta ao priorizar ações para mitigar os efeitos da pandemia para a população mais vulnerável, como os informais, mas os governadores pedem aportes emergenciais à União para gerenciar a crise e o diferimento de impostos devidos ao Governo Federal. 

Segundo o texto, a queda de arrecadação de ICMS, uma das principais fontes de receitas dos governos estaduais, é duramente sentida, já que as produções, exportações e importações despencaram graças à paralisação dos comércios.

O texto é assinado pelos governadores João Doria, de São Paulo; Wilson Witzel, do Rio de Janeiro; Romeu Zema, de Minas Gerais; Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul; Renato Casagrande, do Espírito Santo; Ratinho Júnior, do Paraná; e Carlos Moisés da Silva, de Santa Catarina. 

Os governadores têm realizado medidas mais duras no isolamento populacional, ação altamente recomendada pela OMS. 

Filantropia

 A Rede Brasil do Pacto Global vem dando visibilidade e divulgando boas práticas de empresas que estão agindo para mitigar os impactos da crise causados pela COVID-19. Além disso, realizou uma pesquisa com 70 companhias. Mais de 90% adotaram o home office e iniciativas de conscientização. Por outro lado, apenas 8% participam de algum programa de doação.

Segundo Carlo Pereira, Secretário Executivo do Pacto Global no Brasil,  o papel das empresas na sociedade está mudando. “Há um entendimento de que as corporações se tornaram mais relevantes, tanto que, hoje, as pessoas confiam mais em seu empregador do que no governo”, diz ele. 

É o que mostra uma pesquisa realizada pela Edelmann, empresa americana de relações públicas, com a participação de 2 milhões de pessoas de 28 países. A confiança nas companhias, de forma geral, é maior do que nos governos, 58% ante 49%. Quando se trata da empresa em que a pessoa trabalha, o índice sobe para 76%. 

Veja ações de signatários do Movimento ODS SC diante da crise:

Respiradores 

A WEG anunciou que vai produzir respiradores artificiais para a utilização por pacientes infectados pelo novo coronavírus (covid-19), após a assinatura de um acordo de transferência de tecnologia com a fabricante de equipamentos médico-hospitalares Leistung Equipamentos. 

A companhia vai utilizar a estrutura das suas fábricas em Jaraguá do Sul (SC) para produzir os aparelhos e trabalha com a possibilidade de fazer ajustes ao projeto para agilizar a produção. 

A empresa informou que já conseguiu fazer a compra de todos os componentes necessários para produzir 500 respiradores. Instalada a linha de produção, a companhia terá capacidade estimada de fabricar 50 respiradores por dia e fazer entregas no mês de maio.

Em Criciúma, alunos voluntários e professores dos cursos de Engenharia Mecânica e da Engenharia Mecatrônica da Satc estão trabalhando no desenvolvimento de um respirador para auxiliar no combate a Covid-19. Um protótipo, que já foi desenvolvido e está em fase de testes, deve ser entregue ao Hospital São José ainda esta semana. 

“Fomos desafiados a construir um equipamento que ajudasse no combate da Covid-19, e nossa equipe prontamente atendeu e em duas semanas, o que era uma imagem de um aparelho de respiração básico virou um equipamento que vai ajudar no combate ao vírus”, afirma o diretor geral da Satc, Carlos Antonio Ferreira.

Testes em massa

A Fundação CERTI e a healthtech Neoprospecta, com sede em Florianópolis, anunciaram no dia 02 de abril, o desenvolvimento de um projeto para realização de testes moleculares tipo RT-PCR – que identificam material genético do vírus –  em grande escala com baixo custo de aplicação. 

A iniciativa terá apoio conjunto da Federação das Indústrias do Estado (Fiesc) e do SESI. Os testes devem ser feitos em indústrias, empresas e escolas, alcançando mais de 500 mil pessoas por mês em Santa Catarina. 

“A ideia é testar na ordem de 10% da população do estado, sendo parte significativa desse total repetido em intervalos de 15 ou 30 dias, a um custo médio de R$ 10,00 a R$ 20,00 por pessoa testada”, diz Erich Muschellack, superintendente geral da CERTI. 

Para chegar neste custo baixo, comparado aos testes RT-PCR no mercado – cerca de R$ 180,00 por teste – a estratégia é realizar de uma vez testes de amostras de grupos de 10 pessoas. Serão coletadas as amostras de muco da faringe misturadas de 10 pessoas supostamente sãs, como se fosse um teste individual, portanto ao custo de um único kit. 

Caso ninguém do grupo esteja infectado, o resultado será negativo para todos os indivíduos do grupo. Porém, se uma ou mais pessoas estiverem infectadas, o teste indicará positivo – sem identificar o portador da infecção. Neste caso deverá ser feito o teste molecular individual em todos os membros do grupo para identificar quem tem o vírus. Com isso, elimina-se um custo alto de aplicação de testes individuais. 

Acesso à alimentação

O ICOM – Instituto Comunitário Grande Florianópolis, Instituição Âncora e signatária do Movimento ODS SC, está realizando diversas ações para promover o acesso a alimentação de pessoas em situação de vulnerabilidade na Grande Florianópolis. 

A instituição lançou recentemente uma linha de apoio emergencial, no seu Fundo de Impacto para Justiça Social, com o objetivo de garantir o acesso à alimentação às famílias que residem nas 67 Áreas de Interesse Social de Florianópolis. Nelas, moram mais de 65 mil pessoas, das quais 25 mil são crianças e adolescentes. 

Além disso, o ICOM está mapeando iniciativas de Organizações da Sociedade Civil, movimentos sociais e outros coletivos de interesse público que estejam realizando intervenções que contribuam para garantir o acesso das pessoas a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante o período de distanciamento social, em decorrência do coronavírus, em Áreas de Interesse Social da Grande Florianópolis. 

A IDES – Irmandade do Divino Espírito Santo e o Instituto Nexxera se uniram para realizar uma campanha Crowdfunding para apoiar mais de 800 famílias em risco socioeconômico atendidas pela IDES. As demandas mais emergenciais são alimentos que fazem parte da cesta básica, incluindo itens de higiene (como sabonete, sabão e álcool em gel) e itens básicos de subsistência (como pão e leite).

A Involves, empresa de tecnologia focada em trade marketing, e apoiadora oficial do Movimento, também está colaborando com a segurança alimentar na região da Grande Florianópolis, com a doação de 185 cestas básicas através da Revolução dos Baldinhos às famílias do Monte Cristo, ação realizada logo no início do isolamento social, além de ser um dos apoiadores institucionais do ICOM.

No sul do Estado, em Criciúma, o Bairro da Juventude criou um fundo emergencial para apoiar as famílias atendidas pela instituição.

Incentivo ao trabalho remoto

A Involves, além de estar operando com todo o time em home office, tem realizado dicas de alongamentos, ergonomia e atividade física, além de apoiar a equipe com equipamento de trabalho. 

“Liberamos todos os equipamentos de trabalho para colaboradores e entregamos na casa dos ‘involvidos’ que não puderam buscar equipamentos como cadeiras, notebooks e monitores”, explica Thaís Vicente, analista de comunicação interna na Involves. 

A empresa também está preocupada com a saúde mental dos colaboradores, e por isso vem realizando encontros online para falar sobre o tema.

A Nexxera, principal plataforma de meios eletrônicos de pagamentos do país, antes mesmo do decreto governamental, colocou seu time de 300 colaboradores para atuar de forma remota. 

“Para muitas empresas, atuar de casa é algo rotineiro e prático. No entanto, o segmento financeiro possui exigências técnicas e protocolos de segurança que tornaram o desafio muito grande. Mas em tempo recorde, em exatos dois dias, tínhamos 100% da nossa equipe trabalhando de forma remota, cumprindo com os requisitos de segurança, e mantendo o mesmo nível de atendimento e prestação de serviço”, explica Edson Silva, presidente do Grupo Nexxera. 

Dessa forma, não foi preciso interromper ou reduzir a prestação dos serviços das empresas do Grupo, que são considerados serviços essenciais, nem do Instituto Nexxera, que impacta diretamente empreendedores, os quais justamente no período de crise têm maior necessidade de apoio e mentorias.

Ensino online

A quarentena estipulada devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) trouxe desafios para professores e estudantes. A necessidade do isolamento social afetou diretamente na rotina de aulas. 

Com o objetivo de dar o suporte necessário aos alunos e manter as atividades, a Satc, desde a última semana, adotou o modelo de aulas remotas online para driblar o vírus e aproximar o aluno da escola. Em todos os âmbitos de ensino foram criadas estratégias para que os alunos não fiquem ociosos durante o tempo de quarentena e o calendário acadêmico possa seguir sem ser muito afetado. 

Do Infantil à Graduação, são cinco mil alunos que, diante do computador ou celular têm conseguido manter os estudos em dia.

A signatária Manuela Gazzoni dos Passos também encontrou a sua forma de apoiar medidas de educação neste momento de quarentena, criando dois e-books sobre sustentabilidade, um deles voltado ao público infantil.

Telemedicina

A startup Soul.Med, de Criciúma, está ampliando sua linha de ação e conectando médicos e pacientes. Em tempos de isolamento social, a medida vai permitir o atendimento online para as pessoas que desejam realizar uma consulta médica. 

A plataforma, que já atua conectando os profissionais da saúde com os pacientes, está liberando o serviço de maneira totalmente gratuita. A telemedicina pode ser usada para trazer informação e dar orientações às pessoas que estão em casa. 

No atendimento disponibilizado pela Soul.Med o paciente precisa fazer o seu cadastro na plataforma para aí sim solicitar o atendimento remoto, e poderá ter acesso a consultas médicas online para tirar dúvidas.

A Soul.Med é uma das startups instaladas no Colearning, a incubadora da Satc, e está no mercado desde 2018.

Apoio ao empreendedor

A Facisc tem realizado uma série de webinar ao vivo para orientar os empreendedores neste momento de crise. Um deles abordou temas como gestão de crise, liderança e compliance, além de explicar como o coronavírus está relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

O Grupo Nexxera é desde 2016 signatário do Rede do Pacto Global, e por meio da rede, participou de uma reunião com mais de 80 empresários brasileiros, na qual firmaram o compromisso de manter uma agenda, para juntos, desenvolverem ações que permitam a recomposição do pequeno empresário durante este momento de recessão econômica causado pela COVID-19.

Já o Instituto Nexxera manteve mentorias coletivas e individuais, antes presenciais, por meio da ferramenta Hangouts Meet e têm sido bem sucedidas. 

“Essa ação ganha relevância à medida que percebemos o impacto gerado nos ecossistema empreendedor alcançado com o programa, que permanece sendo capacitado para gerar soluções ainda mais inovadoras e impactantes neste momento de crise”, avalia Andrea Silva, presidente do Instituto Nexxera.